23 de abril de 2018

Jorge sentou praça na Cavalaria...

Nota do editor
O texto vale como registro da data, porém não reflete minha opinião pessoal ou crença.

SÃO JORGE PADROEIRO DA CAVALARIA
Leandro Sicorra Wilemberg
Foi um santo muito popular até o século IV. Ao que me parece, nasceu no ano 303. O beato, Jacob del Voragine, conta na Lenda Áurea que São Jorge era um cavaleiro cristão cujas origens estão na Copadócia. Certa vez cavalgava pela Provísia de Lídia e chegou a uma cidade chamada Silene, que, nas proximidades, tinha um pântano e nele um dragão que espalhava o terror em toda região. A população havia se reunido para matá-lo, mas a ferocidade do animal não permitia qualquer aproximação. Para que não atacasse a cidade todos os dias eram-lhe dados cordeiros como alimentos; quando já não havia cordeiros, seres humanos eram forçados a servi-lhe de refeição. As vítimas eram escolhidas por sorteio. Quando São Jorge chegou à cidade, a filha do rei havia sido sorteada. Como não houve voluntários para substituí-la, ela foi de encontro ao dragão vestida de noiva. Mas o santo se antecipou e o atravessou com uma lança. Imediatamente, pediu à princesa seu cinto. Amarrando-o ao pescoço do monstro, que, ainda estava vivo. Entregou-o à jovem que levou o monstro prisioneiro para a cidade.
O povo, cheio de medo, preparava-se para fugir, mas São Jorge lhes dizia que bastava crer em Jesus Cristo e se batizar para que o dragão morresse. O rei e seus súditos obedeceram e se batizaram. O monstro morreu. Foi preciso usar quatro carros de boi para transportar a fantástica figura para longe. O rei ofereceu grandes riquezas à São Jorge, mas este lhe pediu que as desse para os pobres.
São Pedro Damião, num sermão durante a festa de São Jorge, disse: “nosso Santo passou na verdade de uma milícia a outra, trocou sua posição de oficial de um exército terreno pela profissão militar de Cristo e, como bom soldado, primeiro se desfez dos bens terrenos, distribuindo-os aos pobres; e, assim, livre, protegido pela couraça da fé, entrou como grande lutador de Cristo, na sua mais árdua batalha.” São Pedro Damião não fala do dragão, mas acrescenta: “o bem-aventurado Jorge, inflamado no fogo do Espírito Santo, defrontou-se com o perverso rei o venceu de todos os males bem como dos que lhe viviam em torno, elevando assim o ânimo dos soldados de Cristo para trabalhar com coragem.”
Este perverso rei é aquele que, provavelmente, se identifica com o famoso dragão. Historicamente, São Jorge não foi somente um militar de cavalaria, mas também, um mártir cristão, pois foi decapitado por Daciano durante uma das inúmeras perseguições feitas aos cristãos. Segundo os registros da época de São Jorge, sabemos que nela se registraram as cruéis perseguições por ordem de Diocecliano e Maximiliano. São Jorge, para encorajar os que vacilavam na fé, começou a gritar em praça publica: “todos os deuses e cavaleiros são demônios. Mas meu Deus, que criou o céu e a terra, é o verdadeiro Deus.”
Daciano, o magistrado, mandou prende-lo. Primeiro tentou demovê-lo das esperanças com ofertas, como sejam: promoções militares, riquezas. Mas foi tudo em vão! Ordenou, então, aos carrascos que o açoitassem e o torturassem com ferro em brasa. Mas, durante a noite, Deus curou as feridas do valente cavalariano. Daciano ordenou a um mago que preparasse uma bebida para envenenar o Santo. Entretanto, essa não fez efeito. O Mago se converteu ao cristianismo e morreu como mártir.
O tirano tentou matar São Jorge esmagando-o entre duas pedras ásperas e submergindo-o num caldeirão de chumbo derretido. Foi tudo em vão!
Ao ver isto, Daciano recorreu novamente as promessas. São Jorge fingiu que estava disposto a oferecer sacrifícios aos ídolos. Todo o povo se reuniu para assistir à rendição daquele que, valentemente, havia atacado esses deuses.
São Jorge passou a orar até que desceu do céu uma chama e consumiu os ídolos e sacerdotes pagãos e a terra se abriu para tragá-los. A mulher de Daciano, que havia assistido à cena, se converteu. Entretanto, cheio de ira pelo fato, Daciano mandou decapitar o Santo. A sentença foi executada sem dificuldade, mas quando Daciano retornava do local de execução foi consumido pelo fogo que desceu do céu. Entende-se que aqui há história a lenda. Mas, historicamente, São Jorge foi um santo que morreu mártir da fé e, também, foi um corajoso soldado de cavalaria.
POR ISSO, É O PADROEIRO DE CAVALARIA!
Revista do Exército Brasileiro, Vol.133, 2o trimestre de 1996 (Facebook)

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