15 de outubro de 2017

Militares podem voltar ao poder em 2018 disputando eleições, diz Bolsonaro




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SILAS MARTÍ
DE NOVA YORK
"Nós podemos voltar ao poder sim no ano que vem. Quando eu falo nós, eu falo em nós militares, porque pretendemos concorrer às eleições no ano que vem."
Num encontro fechado com simpatizantes em Nova York, Jair Bolsonaro, pré-candidato à Presidência, voltou a defender as Forças Armadas como o "último obstáculo ao socialismo" no Brasil, afirmando que a "bronca da esquerda não é com o Jair Bolsonaro, é com o capitão Jair Bolsonaro".
Na saída do debate, o deputado esclareceu à Folha que não defende mais um governo militar com a dissolução do Congresso, como já declarou no passado, mas disse que sua candidatura causa um grau de preocupação.
"O sistema está apavorado comigo", afirmou Bolsonaro. "Os militares vão voltar pelo voto. Não existe amparo para dissolver o Congresso e nós respeitamos as leis. Quando falei 20 anos atrás que fecharia o Congresso foi num momento de indignação. Mas vamos supor que o Congresso sofra um atentado. Como vai reagir a população? Com indignação? Eu acho que não."
No debate, o pré-candidato falou ainda de sua simpatia pelo presidente americano Donald Trump e se disse vítima da imprensa, que vê como ameaça à campanha.
Bolsonaro afirmou que a Folha era o jornal que mais o perseguia e criticou uma reportagem de capa da revista "Veja" a seu respeito, afirmando que a publicação o "esculacha em cinco páginas". Reclamou também do colunista Ancelmo Gois, de "O Globo".
"Na grande mídia, dizem que eu não entendo de economia, mas vou disputar eleições no ano que vem, não o vestibular", disse Bolsonaro.
O deputado repisou ainda vários pontos que vêm defendendo em encontros fechados desde que chegou aos EUA, há uma semana, onde visitou Miami e Boston antes da vinda a Nova York. Em todas as paradas, elogiou Trump e se esforçou para parecer menos radical e mais liberal, um amigo do mercado.
"Já estou muito feliz em saber que Donald Trump sabe que eu existo. Nós comungamos das mesmas ideias", disse Bolsonaro. "Nós dois cremos em Deus. Ele pensa no seu país, eu também. Ele quer o fim do comunismo, e eu também. Podemos fazer muitas parcerias. Precisamos sim de ajuda americana."
O pré-candidato fez ataques à China, dizendo que o "Brasil está sendo entregue" a Pequim.
Também fez um esforço para suavizar sua imagem, lembrando ter sido chamado de "homofóbico, xenófobo e misógino".
Suas declarações foram dadas a portas fechadas, mas transmitidas ao vivo em sua página no Facebook. Ele falou no oitavo andar de um prédio em Manhattan -o endereço foi mantido em segredo e a porta era vigiada por seus simpatizantes. Uma delas gritava com jornalistas que esperavam na entrada.
Do lado de fora, Bolsonaro comentou ainda que cancelou sua viagem a Washington porque o evento numa universidade da capital americana foi organizado por um "elemento que apoia o PT".
"Ele não queria um debate, queria um combate para que fosse levado para o mundo afora que eu fui repelido aqui quando minha passagem por aqui foi um sucesso", disse Bolsonaro, rodeado de simpatizantes na saída do encontro em Nova York.
Também participaram do debate Olavo de Carvalho, ideólogo de direita considerado seu guru intelectual, que falou via Skype de sua casa nos EUA, e o analista conservador Jeff Nyquist.
Em sua fala, Carvalho atacou a imprensa, dizendo que em sua campanha o deputado enfrentaria ataques da mídia semelhantes aos enfrentados por Donald Trump em sua corrida à Casa Branca.
"Nos últimos 20 anos, o jornalismo se tornou quase ficcional", disse. "Não se consegue discernir o que é uma desinformação desejada e o que é uma confusão mental."
Folha de São Paulo/montedo.com

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