7 de agosto de 2017

Militares dizem que Lula não influenciou Dilma na escolha de caças suecos

Atual e ex-comandante da Força Aérea prestaram depoimento em ação na qual ex-presidente responde por suposto tráfico de influência na compra de caças suecos no governo Dilma.
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Saito (esq) e Rossato, com Jaques Wagner em 2015 (CComSAer)
Alessandra Modzeleski, G1, Brasília
O comandante da Força Aérea Brasileira, Nivaldo Luiz Rossato, e o ex-comandante, Juniti Saito, afirmaram nesta terça-feira (1º) em depoimento que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não influenciou a ex-presidente Dilma Rousseff na compra, pelo governo, de caças suecos entre 2013 e 2014.
Rossato e Saito prestaram depoimento à 10ª Vara da Justiça Federal, em Brasília. Os caças foram adquiridos pelo governo no período em que Juniti Saito comandava a Aeronáutica.
Lula e o filho dele Luiz Cláudio Lula da Silva, além de dois empresários, se tornaram réus após o Ministério Público Federal denunciá-los por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e organização criminosa na compra dos caças, investigada no âmbito da Operação Zelotes.
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Gripen (Poder Aéreo)
Os depoimentos
Durante o depoimento, Juniti Saito relatou ter acompanhado os trabalhos internos para a escolha de três empresas que integrariam a lista a ser entregue a Lula em 2010.
"O comandante [da Força Aérea] bate o martelo. Foi o que aconteceu com o Gripen. Foi uma decisão do comando da Aeronáutica, por melhor preço, por manutenção e transferência de tecnologia, declarou.
Questionado, então, pela defesa do ex-presidente, se Lula influenciou o corpo técnico, Saito respondeu: "Ele respeitava a nossa opinião".
Saito e Rossato relataram, em seguida, que quem decidiu sobre o modelo a ser adquirido foi a então presidente Dilma, já que Lula recebeu o relatório, mas deixou a decisão final para a sucessora.
O MP, nesse instante, indagou a Saito se ele poderia afirmar que "quem bateu o martelo foi a presidente Dilma". O militar concordou.
Em seguida, Nivaldo Luiz Rossato relatou: "Eu me lembro. Em dezembro de 2013, durante almoço dos oficiais com a presidente Dilma, ela anunciou a decisão dela pela Gripen, apesar de a Força Aérea apontar que os três tinham capacidade técnica para cumprir os requisitos".
"Nós entregamos todo o processo no inicio de 2010, a partir daí ficou a decisão do governo. Desconheço [interferência de lula], sei que a presidente Dilma apresentou a decisão dela", acrescentou o comandante da FAB.
Além dos militares, a defesa de Lula havia arrolado como testemunha o ex-ministro da Advocacia Geral da União Luís Inácio Lucena Adams. Mas, pela segunda vez, Adams não compareceu ao depoimento. Segundo o juiz, desta vez, ele enviou uma declaração informando estar em viagem.
No início do processo, a defesa de Lula convocou 80 testemunhas. O juiz, porém, definiu que a lista deveria ser reduzida para 32.

Defesa de Lula
Após os depoimentos, o advogado do ex-presidente, José Roberto Batochio, disse que as declarações dos militares "fulminam" a suspeita de tráfico de influência por parte de Lula na escolha dos caças.
"Eles mostraram que quem optou pelo Gripen foi uma comissão da área técnica da FAB. Que a decisão não foi política. O brigadeiro disse isso com toda a clareza", declarou.
Batochio afirmou, ainda, que a acusação contra o ex-presidente é uma "criação cerebrina dos membros do Ministério Público".
"Estamos aqui diante de uma situação em que a defesa mostrou que não existiu crime. A prova de inocência apareceu com esses dois testemunhos", completou.

Entenda o caso
A denúncia contra Lula, relacionada à Operação Zelotes, foi apresentada em dezembro do ano passado.
Segundo o MPF, os crimes foram praticados entre 2013 e 2015 quando Lula, como ex-presidente, teria participado de um esquema para beneficiar empresas junto ao governo Dilma Rousseff.
O MP apontou irregularidades na compra de 36 caças do modelo Gripen pelo governo brasileiro. Durante as investigações, não foram encontrados indícios de que Dilma tivesse conhecimento do suposto esquema.
Em troca, diz a denúncia, os empresários Mauro Marcondes e Cristina Mautoni teriam repassado cerca de R$ 2,5 milhões a Luis Cláudio Lula da Silva, filho de Lula. Segundo relatório da Polícia Federal, não houve prestação de serviço pela empresa do filho de Lula. A PF diz também que o material produzido pela empresa era cópia de material disponível na internet.
O Ministério Público Federal afirma também que Mauro Marcondes "comandou" a organização criminosa, fazendo a ligação entre as empresas beneficiadas e a família de Lula.
Já a mulher dele, e sócia, Cristina Mautoni, teria participado "ativamente" das contratações e do "fluxo de informações" com as empresas e com Luís Cláudio Lula da Silva.
De acordo com a denúncia, ao ex-presidente Lula coube "fazer os encontros com fortes indícios de que deu aval" para Mauro Marcondes e Cristina Mautoni propagarem, "para fins contratuais milionários", o apoio e prestígio que tinha junto ao governo federal e à Presidência da República.
A denúncia afirma que a Luís Cláudio coube fornecer dados de uma das suas empresas a fim de receber o dinheiro a título de apoio do ex-presidente, mediante um contrato de fachada.
O GLOBO/montedo.com

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