16 de novembro de 2015

Tenente da Marinha ferido em treino na selva sai do coma após 43 dias

Pai disse que Guillermo está se comunicando através de piscadas dos olhos.
Apesar da evolução, médicos no AM dizem que estado dele ainda é grave.

Suelen Gonçalves
Do G1 AM
Após 43 dias internado em hospital militar no Amazonas, o tenente da Marinha Guillermo Portugal saiu do coma no sábado (14) e já consegue se comunicar através de piscadas dos olhos. Apesar da melhora, a família diz que a equipe médica ainda considera grave o estado de saúde do ofical. O militar - que é natural do Rio de Janeiro - está internado desde o dia 30 de setembro no Hospital Militar de Área, em Manaus. Ele participava de um treinamento da Marinha quando passou mal.
Conforme o pai de Guillermo, Saumir Portugal, o filho de 24 anos, tem se comunicado com a mãe e os médicos por piscadas dos olhos. "Ele abriu os olhos e a gente tá conseguindo se comunicar com ele por piscar de olhos. A gente pergunta as coisas e ele responde sim ou não piscando. Segundo os médicos, o estado ainda é grave, mas para a gente é uma vitória. Depois de 43 dias em coma isso já é um caminhar", avalia.
Saumir ressalta que o filho está com um tubo de traqueostomia e não tem previsão de retirada, porém, responde ao tratamento e tem apresentado melhoras gradativas.
"Ele ainda tá com os pulmões muito comprometidos, mas tá drenando bem. O cirurgião ia abrir um acesso para fazer uma lavagem mas não foi preciso porque o dreno tá puncionado bem, então, estão aguardando. Ele continua com a traqueostomia, depedendo de ventilação. As diálises pararam há três dias, o que é outra vitória", afirma o pai.
De acordo com a família, os médicos conversaram bastante com Guillermo, explicando que ele tem que ficar calmo e ser paciente. O jovem tem ainda um edema cerebral - inchaço de região do cérebro, porém o neurologista teria informado que isso não deve deixá-lo com sequelas, e atualmente a prioridade são os pulmões.
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Entenda o caso
Guillermo Portugal passou mal em uma área do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) quando participava da Operação Tucunaré, que faz parte do currículo do Curso Especial de Comandos Anfíbios e prepara Oficiais e Praças para o planejamento e a execução de Operações Especiais de Fuzileiros Navais. A Marinha informou ao G1 que um inquérito apura o caso.
De acordo com o pai do tenente, Saumir Portugal, o filho foi diagnosticado com traumatismo craniano e rabdomiólise - doença que atinge músculos e pode causar insuficiência renal.
Uma carta assinada pelo comando da Marinha foi entregue aos pais do tenente. Segundo o documento, o oficial começou a passar mal por volta das 16h do dia 30 de setembro, mas só deu entrada no hospital após cerca de 7 horas. Ele apresentou convulsões às 17h15. A aeronave decolou para o resgate às 19h50, mas precisou reabastecer. A área onde o tenente passou mal é de difícil acesso. Guillermo foi içado da mata para o helicóptero às 22h40. Segundo o documento, ele deu entrada na emergência do hospital militar às 23h15.
"O pessoal do Exército que o recebeu diz que ele chegou num estado lastimável. Foi o termo deles. Ele não pôde ser levado ao CTI, precisou, antes, ficar um tempão na emergência para ser higienizado, e disseram que a expectativa dele era nenhuma, que teria que chamar um padre", afirma Saumir.
A Marinha informou, por meio de nota, que "lamenta profundamente o ocorrido e, desde o dia 30 de setembro de 2015, vem prestando o apoio necessário ao Tenente Portugal e à sua família, que se encontra em Manaus. As informações disponíveis foram fornecidas à família".
A nota cita ainda que foi instaurado um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias do ocorrido durante o curso. A investigação tem prazo máximo de 60 dias para ser concluída.
Para o pai do tenente é preciso garantir a segurança dos militares que participam do treinamento na selva. "Agora, não havia médico nenhum com eles lá na manobra. É um curso altamente agressivo", finaliza.
G1/montedo.com

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