4 de novembro de 2015

Onça salva de caçador ganha nome de formiga e vira mascote do CMA em Manaus

Banhos de rio e recreações são feitos para onça ficar mais relaxada.
Suelen Gonçalves
Do G1 AM
A onça que ficou famosa após o vídeo em que toma banho em uma área próxima à praia da Ponta Negra ser divulgado nas redes sociais nem sempre teve uma vida calma e feliz. Segundo o major Basto, do Exército, o animal foi resgatado quando estava em posse de um caçador no município de Tefé, a 520 quilômetros de Manaus, Na época, ele tinha 4 meses de vida e apresentava sinais de maus-tratos. A infância difícil teve efeito no comportamento do animal, agora mascote do Comando Militar da Amazônia (CMA). O seu temperamento "arisco" lhe fez ganhar o nome de Jiquitaia, em menção à formiga de mesmo nome.
Aos 10 meses, a onça pesa 32 kg e está com um terço do peso e tamanho que terá na fase adulta. O animal vive nas dependências do CMA, no bairro Ponta Negra, Zona Oeste de Manaus. A jaula em que Jiquitaia vive mede 20x8 metros e foi projetada para dar conforto a ele.
Segundo o major, foi preciso adotar medidas para conseguir levar o animal para o CMA. "Nós pedimos autorização do Ipaam [Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas], construímos um recinto para ele, o Ipaam veio fiscalizar para ver se estava dentro das normas. Como ele estava debilitado, precisou ficar 40 dias no Cigs [Centro de Instrução de Guerra na Selva] recebendo tratamento para se recuperar. Nos cadastramos como mantenedores da fauna, então o CMA é uma das instituições jurídicas do Brasil que tem essa autorização para adotar onças que foram resgatadas", explica.
A bióloga do Cigs e 2ª tenente do Exército, Sinandra Santos, teve o contato com Jiquitaia logo que o animal foi resgatado. De acordo com a profissional, ele precisou passar por avaliação clínica, exame de sangue e fezes.
"Ela estava desidratada, então foi tratada e depois da quarentena veio para cá. O Cigs assessorou o CMA porque nós temos uma equipe formada por bióloga e veterinários, então a gente fez todo o planejamento de cuidado desse animal. Planejamos quando ele come, o que ele come, a questão de limpeza do recinto, o corte de unhas, exames periódicos, odontológicos", enfatiza.
Na avaliação da bióloga, hoje o animal está bem melhor em comparação há seis meses. "Ele tem um tratado, uma equipe que cuida dele. Quem alimenta é que tem a relação mais íntima. É como o cachorro, que o dono alimenta e, quando o dono chega, ele já abana o rabo, fica feliz. O felino também tem isso, só que reage de maneira diferente do cachorro. O felino, quando tem carinho pela pessoa, quer passar por entre as pernas, quer brincar, fazer carinho, e é essa a relação que essa onça tem aqui", afirma.

Banhos
Tratador de Jiquitaia, o sargento Klebson conta que o nome da onça foi inspirado em uma formiga comum na região amazônica. "Quando ele chegou, era pequenininho, mas tinha uma mordida ardida. O general disse que parecia uma mordida de jiquitaia, aí começamos a chamá-lo assim e o nome ficou", disse.
Segundo o tratador, Jiquitaia era arisco e arredio. Para conseguir adestrá-lo, foi preciso fazer algumas atividades com ele. Após um mês no CMA, ele começou a se mostrar mais tranquilo. "Quando está do lado de fora da jaula, ele corre pela mata, sobe em árvore... Ele tem todo esse espaço para brincar. Ele tem a piscina dentro da jaula, mas adora brincar de bola no rio. O banho serve para ele ficar mais calmo", relata o sargento.
Os militares suspeitam que os pais de Jiquitaia foram mortos para que ele fosse capturado. Não há informações sobre o caçador que o mantinha em cativeiro.
Para as brincadeiras, a onça tem a companhia dos soldados Adriano Rodrigues, Marco Souza e Rodrigo Carvalho, responsáveis também pela alimentação da onça, que come cerca de 2 kg de ração para gatos por dia, além dos cuidados com a jaula de Jiquitaia.
O animal - que se tornou mascote do CMA - será usado também em desfiles militares.
G1/montedo.com

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