15 de fevereiro de 2015

Motorista de carro fuzilado por militares na Maré está preso em Bangu.

Adriano Bezerra guiava o veículo que foi atingido por vários disparos na madrugada de quinta-feira. 
Uma pessoa que estava no carro segue em coma no Hospital Getúlio Vargas
HELIO ALMEIDA
O sargento da Aeronáutica Pablo Filho também estava no carro
O sargento da Aeronáutica Pablo Filho também estava 
no carro Foto: Reprodução / Facebook
Rio - Mesmo tendo o carro fuzilado, ficado ferido de raspão e com o amigo baleado em estado grave por militares da Força de Pacificação do Complexo da Maré, Adriano Bezerra, de 33 anos, foi preso e levado para o Complexo Penitenciário de Gericinó. Ele dirigia o veículo onde estavam outros dois rapazes e Vitor Santiago Borges, 29, que está em estado grave. Para justificar os tiros e a prisão, os militares alegam que ele teria furado blitz e tentado atropelar os militares.
O caso foi noticiado sexta-feira pelo jornal ‘Extra’, informando ainda que Vitor está em coma no CTI do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, em estado grave.
Os jovens saíram juntos para assistirem ao jogo Flamengo x Cabofriense, e voltaram para casa, na comunidade Salsa e Merengue, por volta das 3h. O irmão de Vitor, Luciano Borges, 26, relatou que a vítima afirmou que os militares não deram sinal para o carro parar.
Luciano contou ainda que os amigos ficaram detidos no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). “O Exército já deu três versões: disseram que eram bandidos, depois que tentaram avançar o carro tentando matar o soldado e agora desacato. Eles foram trancados em um contêiner”, afirmou. Três dos rapazes foram liberados às 20h de quinta-feira.

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A advogada Fernanda Neiva vai tentar o relaxamento da prisão de Adriano. “Estamos confiantes. Ele, assim como os outros, são inocentes”, declarou. O vice-presidente da Comissão de Direito Humanos da OAB-RJ, Aderson Bussinger, disse que vai pedir explicações ao Ministério Público Militar.
“Vamos acompanhar a apuração do fato e pedir explicações ao comando do Exército”, disse Bussinger, que também contestou a forma de abordagem feita pelos militares. “Recebemos quase todos os dias denúncias sobre abordagens truculentas aos moradores de favela”, disse.
Vitor passou por cirurgia que durou 12 horas. Ele foi ferido por tiro na perna direita, que atravessou para a perna esquerda. O outro disparo atingiu o tórax e o fez perder parte do pulmão.
Segundo a Força de Pacificação, o veículo não parou e “foram efetuados disparos de armamento menos letal na direção deste, na tentativa de que o condutor interrompesse a atitude do suspeito”. Ao todo, foram dados quatro tiros. O veículo levava ainda o sargento da Aeronáutica Pablo Inácio da Rocha Filho, que serve no Amazonas mas mora na Maré. “Fomos parados duas vezes. Nos revistaram e liberaram. Na segunda, não ouvimos ordem de parar. Não somos bandidos”, ressaltou.
O Dia/montedo.com

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