31 de março de 2014

1964: não se combate um mito com outro

Regime militar salvou o Brasil de se tornar uma grande Angola
Mas não se deve combater o mito guerrilheiro com outro mito — o do Exército salvador da pátria, que, a cada ameaça comunista, é chamado a salvar a democracia a golpes de Estado
Carlos Marighella: padecendo torturas bárbaras, como muitas outras vítimas de ditaduras antes de 1964
José Maria Silva
E assim foi preso Carlos Marighella, que ficaria internacionalmente famoso como autor do “Manual do Guerrilheiro Urbano”: em vez de encontrar Taciano Fernandes, companheiro de subversão, preso às duas e meia da madrugada, seu infeliz encontro em Santa Teresa, pouco depois das seis horas da manhã, foi com um “magote de policiais que voaram em sua direção como a tarrafa sobre o cardume”, na descrição de seu biógrafo Mário Magalhães. Foi jogado num carro, já apanhando, e levado para a Polícia Central do Rio de Janeiro, onde foi recebido com murros no rosto, no peito e nas costas, em meio a impropérios. Ao ser entregue ao chefe de Segurança Social, Serafim Braga, recebeu mais uma rodada de golpes: socos no estômago e pancadas de canos de borracha, em meio a perguntas para que delatasse seus companheiros. Não satisfeitos, seus algozes passaram a açoitá-lo nos rins, nas costas e nas nádegas.
“Cinco sessões de espancamentos depois”, conta Mário Magalhães, “encaminharam o comunista renitente para uma sala exclusiva para tortura”, onde nada lhe foi dado para comer, até que, no início da tarde, o chefe de Segurança Política, Antônio Emílio Romano, “comandou outra sova concentrada na cabeça: o sangue escorreu pelo nariz e Marighella desmaiou”. Depois de um curto descanso da tortura, enquanto policiais vasculhavam a casa onde morava de aluguel, Marighella voltou a sofrer novo corretivo. Depois de 12 horas dessa tortura inicial na Central de Polícia, seus captores desistiram de arrancar-lhe qualquer informação relevante e ele foi levado para o terror de todos os subversivos — o quartel do Morro de Santo Antônio, espécie de sétimo círculo do Inferno de Dante.
Tão logo foi jogado para fora do carro no pátio mal iluminado, Marighella foi cercado por investigadores com seus cigarros acesos. Como demônios à roda, envoltos na fumaça do tabaco, que Marighella detestava, recomeçou a tortura: murros, pontapés e a brasa dos cigarros queimando a pele. Para completar, um alfinete de gravata foi enfiado em seus dedos, debaixo das unhas, uma por uma, metodicamente, até chegar à última, deixando suas mãos completamente ensanguentadas e inchadas. Como se não bastasse, os torturadores agarraram seus testículos e, a cada pergunta não respondida, apertavam com mais força. A dor se tornou insuportável e Marighella desmaiou. Já era madrugada de sábado e estava sem comer desde a manhã de sexta-feira. Mesmo assim, a manhã o aguardou com novas mudanças de cárcere e, em cada uma delas, mais espancamentos: murros, pontapés, cassetes, canos de borracha. “A dor lancinante de uma hérnia, castigada pelos golpes, quase o enlouqueceu”, conta Mário Magalhães.
Carlos Marighella foi apenas um dos muitos prisioneiros políticos destroçados pela tortura, como mostra seu biógrafo ao descrever o martírio de outros torturados: “As paredes do quartel da Polícia Especial haviam ensurdecido com os berros desesperados de Arthur Ewert, cuja loucura provocada pela truculência já se manifestava”. Para tentar salvar o alemão Ewert das torturas, o advogado Heráclito Sobral Pinto invocou a lei de proteção aos animais, mas pouco adiantou. O preso político ficou confinado durante dez anos nas prisões brasileiras e, quando enfim foi libertado, já estava irremediavelmente louco e terminou seus dias num hospital psiquiátrico da Alemanha, seu país natal. Já o norte-americano Victor Allen Baron, operador de rádio que tinha sido enviado pelo Komintern para fazer a Revolução, foi poupado da loucura: depois de ter sido destroçado pelos torturadores, foi atirado do terceiro andar do presídio onde estava sendo interrogado, numa simulação de suicídio.

O nazismo verde-oliva dos “Comitês de Vingança”
Mas engana-se quem pensa que essas torturas bárbaras tiveram lugar após o dia 31 de março de 1964, que inaugurou, há exatos 50 anos, o regime militar no Brasil, reduzido por historiadores e formadores de opinião à pecha de “ditadura militar”; na verdade, essas torturas sofridas por Carlos Marighella e seus camaradas de comunismo ocorreram não em 1964, mas entre o final de 1935 e o início de 1936, durante o governo de Getúlio Vargas — o caudilho respeitado por Lula e pelo PT, cuja ditadura sanguinária passou para os livros de história como “Revolução de 30”. Corretamente, por sinal, pois Vargas foi muito mais do que um mero ditador — com truculência e paternalismo, ele consolidou a República, que não passava, até então, de uma infeliz quartelada. De modo análogo, o regime militar de 1964 criou o Brasil moderno, urbano, expandindo a educação básica, o ensino universitário e lançando as bases da pesquisa científica no Brasil.
Por isso, as “Comissões da Ver­da­de” que se espalham pelo País afora não passam de Comitês de Vingança, ocupados em distorcer a história para engendrar, dentro dela, uma espécie de nazismo verde-oliva, representado pelos militares que salvaram o Brasil do terrorismo crônico ou da guerra civil em 1964. As novas gerações foram e continuam sendo forçadas a pensar que os governos militares pós-64 são a síntese de tudo de ruim que aconteceu na história do Brasil e que nada houve pior do que isso. A se crer no tom horrorizado com que os formadores de opinião repetem a expressão “ditadura militar”, tem-se a im­pressão de que nem mesmo a escravidão se igualou em crueldade ao regime instaurado no País em 64. O regime militar tornou-se uma espécie de marco zero da iniquidade nacional, projetando sua sombra devastadora no passado e no futuro, como se fosse responsável retroativamente pelo extermínio dos índios pelos bandeirantes, a escravidão do negro pelo português e até, projetivamente, pelos escândalos de corrupção que continuam assolando a República.
Prova disso é que a ditadura civil de Getúlio Vargas tem um tratamento muito diferente nos livros de história e nas páginas dos jornais. Enquanto o golpe de Estado de 24 de outubro de 1930, que depôs o presidente Washington Luís, é retratado como “Revolução de 30”, o golpe de Estado de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart, é reduzido a epítetos como “Ditadura Militar” e “Anos de Chumbo”. Mas quem entregou Olga Benário, grávida, para as fornalhas nazistas não foram os militares de 1964, mas o ditador Getúlio Vargas, quando combatia a Intentona Comunista de 1935. O que não impediu Luiz Carlos Prestes, o santo comunista de Jorge Amado, de inocentar Getúlio Vargas com seu apoio político, pisoteando e cuspindo na memória da mãe de sua filha Anita Leocádia, hoje historiadora, que, por sorte, escapou da morte.

O comunista Prestes e sua sentença desumana
Se tucanos e pefelistas não padecessem de ingenuidade ideológica, o escopo investigativo da Comissão da Verdade teria retroagido a 1930 e, então, o Brasil saberia como é gélido o coração da ideologia de esquerda, que ama a abstração da humanidade com tanto fervor que não hesita em sacrificar o ser humano concreto que não se encaixe nesse ideal de perfeição. Apesar das torturas que seus camaradas padeceram nas garras da polícia do Estado Novo de Vargas (da qual ele próprio fora poupado, por ser militar) e da prisão da judia Olga Benário, sua mulher, entregue aos nazistas aos sete meses de gravidez, Luís Carlos Prestes perdoou Vargas em nome do ideal comunista desossado de gente, por isso sempre pronto a saltar por cima de cadáveres. Em 23 de maio de 1945, num comício no Estádio do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro, depois de nove anos preso, Prestes defendeu a união nacional em torno do ditador Getúlio Vargas e disse que defender sua saída do poder, como pregavam os setores democráticos, seria uma deserção e uma traição.
Dias depois, em 15 de julho de 1945, desta vez no estádio do Pacaembu, em São Paulo, Prestes voltou a defender Vargas, seu velho algoz, chamando de fascistas todos aqueles que criticavam o ditador e defendiam o fim de seu regime para que fosse eleita democraticamente uma Assembleia Nacional Cons­tituinte. Prestes, ao contrário, queria uma Constituinte com Vargas no poder, algo como uma Constituição de 88 tutelada por um presidente militar. O entusiasmo com que defendia o caudilho gaúcho dividiu o próprio Partido Comunista. Alguns de seus camaradas não conseguiam entender como um homem como Prestes, que tinha sido preso por Getúlio e vira sua mulher judia ser entregue grávida à Alemanha de Hitler, sucumbindo ao nazismo, podia, naquele momento, transformar-se em arauto do ditador, tentando evitar a derrocada de seu regime, a ponto de apoiar uma Constituinte tutelada.
Mas não foi apenas a memória de Olga Benário que a ideologia comunista matou com a sua indiferença pela vida humana. Antes de ser presa, a cúpula do Partido Comunista (PC) executou Elza Fernandes, uma pobre moça do interior que, aos 16 anos, se tornara amante de Miranda, então secretário-geral do partido. Desconfiado de que ela estava sendo usada pela polícia para caçar e prender seus camaradas de partido, Luiz Carlos Prestes lavrou a sentença de morte da Garota, como Elza era conhecida. Como seus camaradas hesitassem em executar a sentença, Prestes escreveu-lhes um duro bilhete, chamando-os de medrosos: “Fui dolorosamente surpreendido pela falta de resolução e vacilação de vocês. Assim não se pode dirigir o Partido do Proletariado, da classe revolucionária. (...) Por que modificar a decisão a respeito da ‘garota’? Que tem a ver uma coisa com a outra? (...) Com plena consciência de minha responsabilidade, desde os primeiros instantes tenho dado a vocês minha opinião quanto ao que fazer com ela. Em minha carta de 16, sou categórico e nada mais tenho a acrescentar”.
Diante da determinação do líder maior do Partido Comunista, Elza foi transferida para uma casa num local ermo de Deodoro, subúrbio do Rio de Janeiro, e a sentença foi executada por quatro membros do partido. Depois de, inocentemente, fazer café para os companheiros, ela foi estrangulada com uma corda e seu corpo foi quebrado ao meio, até que os pés se juntassem ao pescoço, para que coubesse dentro de um saco e pudesse ser enterrada no quintal da casa. Estava cumprida a vontade de Luiz Carlos Prestes, o Cavalheiro da Esperança, um dos heróis da Comissão da Verdade. Em seu favor, não se pode alegar nem mesmo o medo da tortura ou da morte, já que era um soldado tarimbado e, como se veria depois, foi preso com toda a dignidade de um comandante, sem passar pelas agruras dos companheiros de infortúnio.

O genocídio comunista no Araguaia
No caso dos demais comunistas, candidatos a passar pelo que Carlos Marighella passou nos porões da ditadura Vargas, é até compreensível que eles quisessem afastar todas as possíveis causas de sua prisão. E se Elza Fernandes, com sua ingenuidade facilmente manipulável pela polícia, era uma dessas causas, quem pode acusá-los por tentar salvar a própria pele esfolando a pele de terceiros? Confesso que até entendo o desespero dos subversivos políticos que, perseguidos pela polícia e temendo a tortura e a morte, entregavam um companheiro ou até mesmo o eliminavam, numa tentativa desesperada de sobrevivência. O que não se pode admitir é que, mesmo depois desse tipo de experiência, várias vezes repetida na história, a esquerda jamais aprenda com seus próprios erros e continue glorificando a luta armada, como se fosse possível construir uma sociedade perfeita regada com o sangue de inocentes.
Com base nessa arrogante cegueira ideológica, que desconsidera as fragilidades do homem concreto, a esquerda cria mitos — como o nazismo verde-oliva que vai sendo imposto pelas Comis­sões da Verdade. Ao mesmo tempo, como contraponto a essa crueldade nazista dos militares, engendra-se, também falsamente, o impoluto idealismo da geração de guerrilheiros que combateram o regime, hoje transformados em verdadeiros santos nas páginas dos jornais e nos livros de história. Já escrevi e repito: o regime militar de 64 é a muleta moral dos intelectuais de esquerda — eles o acusam de todos os crimes para melhor acobertarem os próprios. Começando pela guerrilha urbana e rural, o crack da época, que aliciava adolescentes e jovens doidivanas para uma luta obviamente suicida, cujos mortos deveriam pesar não apenas nos ombros de seus torturadores e assassinos, mas também na consciência dos velhos dirigentes comunistas do PCdoB — diretamente responsáveis pelos mortos na Guerrilha do Araguaia.
Só mesmo a insanidade ideológica para levar um grupo de intelectuais a acreditar que seria possível fazer a revolução comunista num País de 8,5 milhões de quilômetros quadrados e 70 milhões de habitantes a partir do voluntarismo de 98 guerrilheiros, praticamente sem armas, perdidos no meio da selva, na maioria estudantes universitários urbanos, muitos dos quais nunca tinham tomado nem banho frio na vida. O modelo era a Grande Marcha de Mao Tsé-Tung. Mas o Oriente é outro mundo e a China faz fronteira com a Rússia, o que facilitava o apoio de Stálin à guerrilha maoísta. Como contam Jon Holliday e Jung Chang na biografia “Mao: A História Desconhecida”, a União Soviética tinha homens em todas as principais cidades chinesas e fornecia armas, remédios e informações essenciais para a sobrevivência do Partido Comunista Chinês.

O perigoso maniqueísmo ideológico
Com base nesse aparato bélico e de espionagem, os soviéticos conseguiam sublevar camponeses em diversas províncias chinesas e, antes mesmo de Mao iniciar a Grande Marcha, os comunistas já contavam com um exército de 20 mil homens na China, tirados do exército nacionalista de Chiang Kai-shek. Algo muito diferente do Brasil, um país quase tão grande quanto a China, com uma cultura nada guerreira e, ainda por cima, na área de influência dos Estados Unidos, que, obviamente, jamais aceitariam de braços cruzados a transformação do maior país da América Latina numa nação comunista. Para os Estados Unidos, uma coisa era permitir que uma pequena ilha como Cuba se tornasse uma ditadura comunista; outra bem diferente era aceitar que o mesmo ocorresse no Brasil. Se nem hoje a Rússia aceita que a Crimeia deixe sua área de influência, como imaginar que o Brasil se tornaria satélite de Moscou a partir da tresloucada aventura dos guerrilheiros do Araguaia?
Todas as guerrilhas de sucesso no mundo, inclusive a que é promovida pelas Farc na Colômbia, foram feitas em regiões de fronteira, de preferência entre países rivais, permitindo que os guerrilheiros, quando cassados pelas forças legais de seu país, pudessem se homiziar temporariamente no país vizinho. Creio que a única guerrilha do mundo totalmente ilhada na região central de um país, sem qualquer rota de fuga decente, foi justamente a Guerrilha do Araguaia — o que mostra a insanidade mental e moral de seus idealizadores. Os jovens que perderam a vida na guerrilha armada, urbana ou rural, não eram heróis coisa nenhuma. Eram apenas lunáticos — seduzidos para a morte pelos genocidas da própria esquerda que formularam uma luta armada sem qualquer chance de vitória. E se o seu intento lograsse algum efeito, ele não seria a implantação do socialismo, mas a eclosão de uma guerra civil. Ou os empresários iriam dividir suas empresas; os proprietários rurais, suas terras; a classe média, suas casas — tudo isso sem luta? Se a guerrilha desse certo, o Brasil não seria uma nova potência socialista — seria uma imensa Angola de miséria e sangue.
Não se constrói uma nação com base no maniqueísmo ideológico, que aniquila o senso crítico e infantiliza os jovens, tornando-os presas fáceis de qualquer demagogo de esquerda que se apresente como revisor do passado e senhor do futuro, oferecendo a utopia da revolução como uma espécie de errata da própria humanidade. A nação precisa ser criticamente educada para pensar o passado sem exageros, reconhecendo os erros e acertos de cada período histórico. É impossível, por exemplo, que, nos 21 anos que separam o golpe militar de 1964 da eleição de um presidente civil em 1985, o Brasil tenha sido apenas uma terra arrasada por “anos de chumbo”, como querem fazer crer os Comitês da Vingança que se arvoram a senhores da verdade. “O regime militar brasileiro não foi uma ditadura militar de 21 anos” — é o que afirma o historiador Marco Antonio Villa, doutor em história pela USP e professor da Universidade Federal de São Carlos, em seu livro “Ditadura à Brasileira”, com o qual eu e os fatos concordamos integralmente. Até o final de 1968, antes do AI-5, o Brasil vivia uma efervescência político-cultural mais intensa do que hoje. Depois da Anistia, em 1979, também.
Mas não se deve combater o mito guerrilheiro com outro mito — o do Exército salvador da pátria, que, a cada ameaça comunista, é chamado a salvar a democracia a golpes de Estado. O Brasil vive novamente um desses momentos cruciais de sua história, em que as instituições estão sendo transformadas em instrumento da ideologia esquerdista — o que leva alguns setores da sociedade, ainda que minoritários, a pedir a volta dos militares. É suicídio. Uma nação adulta dispensa pais de farda. A República brasileira não pode ser uma quartelada, com interregnos de democracia em meio a uma história de arbítrios. Mas também não pode ser uma eterna utopia, em que, à custa de construir um “outro mun­do possível”, a esquerda destrua co­tidianamente o mundo real, atiçando pobres contra ricos, negros contra brancos, mulheres contra ho­mens, minorias contra maiorias, até que, em meio a esse caos de conflitos forjados, tenhamos o pior dos conflitos: militares contra civis — que é onde morre a democracia.
JORNA OPÇÃO-montedo.com

'Eu era herói, hoje sou bandido', diz capitão do exército sobre golpe de 64

"Eu acho que não é por aí (golpe militar), tem que ter eleições, vá votar, cobre gente decente nos partidos. Militar tem que ficar no quartel."

Carlos Gomes da Silva atuava no RS e hoje é vereador em Piracicaba (SP).
Para ele, fim da ditadura provocou inversão de papéis dos que participaram.
Capitão Carlos Gomes da Silva, Piracicaba (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
'Eu era herói e hoje sou bandido. Quem antes era bandido, hoje virou herói.' (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
Thomaz Fernandes
Do G1 Piracicaba e Região
'Eu era herói e hoje sou bandido. Quem antes era bandido, hoje virou herói.' (Foto: Thomaz Fernandes/G1)
O capitão Carlos Gomes da Silva vivenciou o golpe de 1964, que ele chama de revolução, como sargento em São Leopoldo (RS). Hoje na reserva depois de atuar em Presidente Prudente (SP), Piracicaba (SP) e Campinas (SP), ele crê que o fim da ditadura também provocou uma inversão de papéis no imaginário brasileiro. "Eu era herói e hoje sou bandido. E quem antes era bandido virou herói." O militar atua como vereador em Piracicaba.
Gomes não apoia grupos que pedem a volta da ditadura militar, mas crê que a história não mostra pontos benéficos da intervenção militar. "Não houve uma revolução, houve uma evolução, nós não podemos distorcer a história. Quando falam de tortura para mim, eu acredito que houve, mas nunca presenciei e nunca pratiquei. Minha preocupação sempre foi com a instituição militar."
Atuando em um dos locais de maior tensão do golpe militar, Gomes recorda-se de ter sido chamado pelo comandante em São Leopoldo para anunciar o golpe. "Ele (o comandante) convocou todos e expôs a situação do país e perguntou a todos qual era o posicionamento. Alguns falaram que defendiam a Constituição, logo o presidente, e na minha vez eu disse que estava ali para seguir ordens. Uma parte foi para casa e eu fiquei."

'Melhor fase'
Integrado ao grupo de "revolucionários", ou golpistas, o capitão relatou ter feito viagens para defender pontos estratégicos do estado e acompanhado manifestações pró-golpe em Porto Alegre (RS). "Foi a minha melhor fase no Exército, pois eu entrei do lado certo sem saber, apenas para cumprir ordens."
Primeiro aluno durante o período de formação militar, vencedor de inúmeras medalhas em competições de tiro, condecorado com medalhas como as Estrelas de Bronze, Prata e Ouro por 30 anos de serviços prestados, a carreira de Gomes sempre foi ascendente e marcada pela atuação no Tiro de Guerra de diversos municípios.

'Fim do rancor'
Sobre o período em que os militares ficaram no poder, Gomes crê que há um rancor entre a população e o Exército oriundo do período. Avaliando a ditadura, ele crê que se Artur da Costa e Silva, presidente entre 1967 e 1969 que entrou para a história por promulgar o Ato Institucional Nº 5, tivesse convocado eleições a imagem do militarismo seria diferente.
"Havia um pensamento do general Costa e Silva de passar para a democracia. Se isso tivesse acontecido, o Exército, hoje, estaria sendo visto de outra maneira. Seria como poder moderador que colocou a casa em ordem e do tipo: 'estava desorganizada, organizei, mas continua sendo sua (povo).'"

Revolução ou golpe?
Enquanto militares institucionalizaram a palavra revolução e a data oficial da tomada de poder em 31 de março, historiadores defendem que o ato foi um golpe militar e que aconteceu em 1º de abril. Gomes defende que o evento foi uma "revolução democrática". "A família conclamou a revolução. Articularam uma enormidade de gente na rua em uma época sem internet. E ninguém quebrou vidros ou amassou carros. Eu lembro de ter visto muitas mulheres e crianças à frente", disse.
Hoje afastado de suas obrigações militares, Gomes é vereador pelo PP. Como ocupante de um cargo eletivo, ele defende o voto. "Eu acho que não é por aí (golpe militar), tem que ter eleições, vá votar, cobre gente decente nos partidos. Militar tem que ficar no quartel."
G1/montedo.com

Regime militar: os terroristas de esquerda mortos pelos terroristas de esquerda


QUANDO OS ESQUERDISTAS MATARAM SEUS PRÓPRIOS COMPANHEIROS

Reinaldo Azevedo
A lista das 120 vítimas das esquerdas pode ser ampliada a depender do critério que se use. E o total conhecido pode passar de 130. E, nesse caso, são os  próprios esquerdistas que surgem como vítimas. Os tribunais revolucionários dos “companheiros” decretaram a pena de morte de alguns de seus pares.
Sabem o que impressiona? Nesse caso, os “reparadores” não cobram justiça. Tampouco pretendem levar os que ainda estão vivos e respondem por aquelas mortes para o banco dos réus. A canalha se protege de tal modo que acha crime de lesa humanidade que um militar mate um dos seus, mas considera que esquerdista matando esquerdista, em nome da causa, é parte legítima do jogo.
Destaco uma vítima da ALN morta por seus pares. É a organização a que pertenceu Paulo Vannuchi. Acompanhem.
O militante Márcio Leite Toledo manifestou descontentamento com os rumos da ALN e fez críticas à direção do grupo terrorista. Foi assassinado com oito tiros. Em comunicado, a organização admitiu: “A Ação Libertadora Nacional (ALN) executou, dia 23 de março de 1971, Márcio Leite Toledo. Esta execução teve o fim de resguardar a organização… Uma organização revolucionária, em guerra declarada, não pode permitir a quem tenha uma série de informações como as que possuía, vacilações desta espécie, muito menos uma defecção deste grau em suas fileiras… Tolerância e conciliação tiveram funestas conseqüências na revolução brasileira… Ao assumir responsabilidade na organização cada quadro deve analisar sua capacidade e seu preparo. Depois disto não se permitem recuos… A revolução não admitirá recuos!”.
Seguem os outros “justiçados” – isto é, terroristas mortos por seus próprios “companheiros”, conforme está sintetizado no site “Quinto Poder”:
1 – Antonio Nogueira da Silva Filho, da VAR-Palmares, condenado ao “justiçamento” em 1969 (a sentença não foi efetivada por ter o “condenado” fugido para o exterior);
2 – Geraldo Ferreira Damasceno, militante da Dissidência da VAR-Palmares (DVD), “justiçado”em 29 de maio de 1970, no Rio de Janeiro;
3- Ari Rocha Miranda, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), “justiçado” em 11 de junho de 1970, por seu companheiro Eduardo Leite, codinome “Bacuri”, durante uma “ação”, em São Paulo;
4 – Antonio Lourenço, militante da Ação Popular (AP), “justiçado” em fevereiro de 1971, no Maranhão;
5 – Márcio Leite Toledo, da Ação Libertadora Nacional (ALN), “justiçado” em 23 de março de 1971 (ver primeiro parágrafo);
6 – Amaro Luiz de Carvalho, codinome “Capivara”, militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário(PCBR) e, posteriormente, do Partido Comunista Revolucionário (PCR), “justiçado” em 22 de agosto de 1971, em Recife, dentro do presídio onde cumpria pena;
7 – Carlos Alberto Maciel Cardoso, da Ação Libertadora Nacional (ALN), “justiçado” em 13 de novembro de 1971, no Rio de Janeiro;
8 – Francisco Jacques Moreira de Alvarenga, da Resistência Armada Nacionalista (RAN), “justiçado” em 28 de junho de 1973, dentro da Escola onde era professor, por um comando da (ALN). Maria do Amparo Almeida Araujo, então militante da Organização e, bem mais tarde, presidente do “Grupo Tortura Nunca Mais”, em Pernambuco, participou dos levantamentos que permitiram a realização do referido “justiçamento”. Hoje, em depoimento no livro “Mulheres que Foram a Luta”, do jornalista Luis Maklouf de Carvalho-1998, ela declara não saber quem realizou a ação, embora seja evidente que, para que o “justiçamento” pudesse ter sido realizado, ela devesse ter passado este levantamento para alguém;
9 – Salatiel Teixeira Rolins, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), “justiçado” em 22 de julho de 1973 por militantes da Organização. Segundo Jacob Gorender, que em 1967 foi um dos fundadores do PCBR, em seu livro “Combate nas Trevas”, os assassinos não poderiam intitular-se “militantes do PCBR”, pois nessa época o “o PCBR não mais existia”.
No Araguaia, o PC do B justiçou Osmar, Pedro Mineiro e João Mateiro (estão na lista que já publiquei) e também o guerrilheiro (10) Rosalino Cruz Souza. Um outro de nome (ou codinome) (11) Paulo também teria sido assassinado, mas não há provas.
Veja/montedo.com

Regime militar: os mortos pelos terroristas de esquerdas - 4


TODAS AS PESSOAS MORTAS POR TERRORISTAS DE ESQUERDA 4 – O ALTO GRAU DE LETALIDADE DAQUELES HUMANISTAS…

Reinaldo Azevedo
Abaixo, a conclusão da lista de pessoas assassinadas por aqueles pacifistas de esquerda, que tanto lutaram pela democracia no Brasil… Voltarei a falar sobre esse assunto na madrugada. A questão fundamental: por que o Brasil praticamente ignora essa história, embora viva uma espécie de transe político por causa da tal “Comissão da Verdade?”
O Brasil, sem dúvida, vivia uma ditadura, onde operaram grupos paramilitares. Havia milhares de agentes do estado empenhados em conter a subversão. E o número de mortos, reconhecido pelas próprias esquerdas, é 424. Os esquerdistas, na comparação, eram meia-dúzia de gatos pingados. Mesmo assim, mataram 119 pessoas. Isso indica o, digamos assim, alto grau de letalidade daqueles humanistas.
81 – 01/07/71 – Jaime Pereira da Silva – Civil – RJMorto por terroristas na varanda de sua casa durante tiroteio entre terroristas e policiais.
82 – 02/09/71 – Gentil Procópio de Melo -Motorista de praça – PEA organização terrorista denominada Partido Comunista Revolucionário determinou que um carro fosse roubado para realizar um assalto. Cumprindo a ordem recebida, o terrorista José Mariano de Barros tomou um táxi em Madalena, Recife. Ao chegar ao Hospital das Clínicas, quando fingia que ia pagar a corrida, apareceram seus comparsas, Manoel Lisboa de Moura e José Emilson Ribeiro da Silva, que se aproximaram do veículo. Emilson matou Procópio com dois tiros.
83 – 02/09/71 – Jayme Cardenio Dolce – Guarda de segurança – RJAssassinado pelos terroristas Flávio Augusto Neves Leão Salles, Hélio Pereira Fortes, Antônio Carlos Nogueira Cabral, Aurora Maria do Nascimento Furtado, Sônia Hipólito e Isis Dias de Oliveira, durante assalto à Casa de Saúde Dr. Eiras.
84 – 02/09/71 – Silvâno Amâncio dos Santos – Guarda de segurança – RJAssassinado na operação relatada acima.
85 – 02/09/71 – Demerval Ferreira dos Santos – Guarda de segurança – RJAssassinado na operação relatada no item 83
86 – –/10/71 – Alberto da Silva Machado – Civil – RJMorto por terroristas durante assalto à Fábrica de Móveis Vogal Ltda, da qual era um dos proprietários.
87 – 22/10/71 – José do Amaral – Sub-oficial da reserva da Marinha – RJMorto por terroristas da VAR-PALMARES e do MR-8 durante assalto a um carro transportador de valores da Transfort S/A. Foram feridos o motorista Sérgio da Silva Taranto e os guardas Emílio Pereira e Adilson Caetano da Silva.
Autores: James Allen Luz (Ciro), Carlos Alberto Salles (soldado), Paulo Cesar Botelho Massa, João Carlos da Costa.
88 – 01/11/71 – Nelson Martinez Ponce – Cabo PM – SPMetralhado por Aylton Adalberto Mortati durante um atentado praticado por cinco terroristas do MOLIPO (Movimento de Libertação Popular) contra um ônibus da Empresa de Transportes Urbano S/A, em Vila Brasilândia, São Paulo
89 – 10/11/71 – João Campos – Cabo PM – SPMorto na estrada de Pindamonhangaba, ao interceptar um carro que conduzia terroristas armados.
90 – 22/11/71 – José Amaral Vilela – Guarda de segurança  – RJNeste dia os terroristas Sérgio Landulfo Furtado, Norma Sá Ferreira, Nelson Rodrigues Filho, Paulo Roberto Jabour, Thimothy William Watkin Ross e Paulo Costa Ribeiro Bastos assaltaram um carro-forte da firma Transfort, na Estrada do Portela, em Madureira.
91 – 27/11/71 – Eduardo Timóteo Filho – Soldado PM – RJMorto por terroristas, durante assalto contra as Lojas Caio Marti.
92 – 13/12/71 – Hélio Ferreira de Moura – Guarda de Segurança – RJMorto, por terroristas, durante assalto contra um carro transportador de valores da Brink’s, na Via Dutra.
93 – 18/01/72 – Tomaz Paulino de Almeida – Sargento PM – São Paulo / SPMorto a tiros de metralhadora no bairro Cambuci quando um grupo terrorista roubava o seu carro. Autores do assassinato: João Carlos Cavalcante Reis, Lauriberto José Reyes e Márcio Beck Machado, todos integrantes do Molipo.
94 – 20/01/72 – Sylas Bispo Feche – Cabo PM São Paulo / SPO cabo Sylas Bispo Feche integrava uma Equipe de Busca e Apreensão do DOI/CODI/II Exército. Sua equipe executava  uma ronda quando um carro VW, ocupado por duas pessoas, cruzou um sinal fechado quase atropelando uma senhora que atravessava a rua com uma criança no colo. A sua equipe saiu em perseguição ao carro suspeito, que foi interceptado. Ao tentar aproximar-se para pedir os documentos dos dois ocupantes do veículo, o cabo Feche foi metralhado. Dois terroristas, membros da ALN, morreram.
95 – 25/01/72 – Elzo Ito – Estudante – São Paulo / SPAluno do Centro de Formação de Pilotos Militares, foi morto por terroristas que roubaram seu carro.
96 – 01/02/72 – Iris do Amaral – Civil – Rio de JaneiroMorto durante um tiroteio entre terroristas da ALN e policiais. Ficaram feridos nesta ação os civis Marinho Floriano Sanches, Romeu Silva e Altamiro Sinzo. Autores: Flávio Augusto Neves Leão Salles (“Rogério”, “Bibico”) e Antônio Carlos Cabral Nogueira (“Chico”, “Alfredo”.)
97 – 05/02/72 – David A. Cuthberg – Marinheiro inglês – Rio de JaneiroA respeito desse assassinato, sob o título “REPULSA”, o jornal “O Globo” publicou:
“Tinha dezenove anos o marinheiro inglês David  A. Cuthberg que, na madrugada de sábado, tomou um táxi com um companheiro para conhecer o Rio, nos seus aspectos mais alegres. Ele aqui chegara como amigo, a bordo da flotilha que nos visita para comemorar os 150 anos de Independência do Brasil. Uma rajada de metralhadora tirou-lhe a vida, no táxi que se encontrava. Não teve tempo para perceber o que ocorria e, se percebesse, com certeza não poderia compreender. Um terrorista, de dentro de outro carro, apontara friamente a metralhadora antes de desenhar nas suas costas o fatal risco de balas, para, logo em seguida, completar a infâmia, despejando sobre o corpo, ainda palpitante, panfletos em que se mencionava a palavra liberdade. Com esse crime repulsivo, o terror quis apenas alcançar repercussão fora de nossas fronteiras para suas atividades, procurando dar-lhe significação de atentado político contra jovem inocente, em troca da publicação da notícia num jornal inglês. O terrorismo cumpre, no Brasil, com crimes como esse, o destino inevitável dos movimentos a que faltam motivação real e consentimento de qualquer parcela da opinião pública: o de não ultrapassar os limites do simples banditismo, com que se exprime o alto grau de degeneração dessas reduzidas maltas de assassinos gratuitos”.
A ação criminosa foi praticada pelos seguintes terroristas, integrantes de uma frente formada por três organizações comunistas:
- ALN – Flávio Augusto Neves Leão Salles (“Rogério”, “Bibico”), que fez os disparos com a metralhadora, Antônio Carlos Nogueira Cabral (“Chico”, “Alfredo”), Aurora Maria Nascimento Furtado (“Márcia”, “Rita”), Adair Gonçalves Reis(“Elber”, “Leônidas”, “Sorriso”);
- VAR-PALMARES – Lígia Maria Salgado da Nóbrega (“Ana”, “Célia”, “Cecília”), que jogou dentro do táxi os panfletos que falavam em vingança contra os “Imperialistas Ingleses”; Hélio Silva (“Anastácio”, “Nadinho”), Carlos Alberto Salles(“Soldado”);
- PCBR – Getúlio de Oliveira Cabral(“Gogó”, “Soares”, “Gustavo”)
98 – 15/02/72 – Luzimar Machado de Oliveira – Soldado PM – GoiásO terrorista Arno Preiss encontrava-se na cidade de Paraiso do Norte, que estava incluída no esquema de trabalho de campo do MOLIPO. Usava o nome falso de Patrick McBundy Comick. Arno tentou entrar com sua documentação falsa no baile carnavalesco do clube social da cidade. Sua documentação levantou suspeita nos policiais, que o convidaram a comparecer à delegacia local. Ao deixar o clube, julgando-se desmascarado, Arno sacou seu revólver e disparou à queima roupa contra os policiais, matando o PM Luzimar Machado de Oliveira e ferindo gravemente o outro PM que o conduzia, Gentil Ferreira Mano. Acabou morto.
99 – 18/02/72 – Benedito Monteiro da Silva – Cabo PM – São PauloMorto quando tentava evitar um assalto terrorista a uma agencia bancária em Santa Cruz do Rio Pardo.
100 – 27/02/72 – Napoleão Felipe Bertolane Biscaldi – Civil – São PauloMorto durante um tiroteio entre os terroristas Lauriberto José Reyes e José Ibsem Veroes com policiais, na rua Serra de Botucatu, no bairro Tatuapé. Nesta ação, um policial foi ferido a tiros de metralhadoras por Lauriberto. Os dois terroristas morreram no local.
101 – 06/03/72 – Walter César Galleti – Comerciante – São PauloTerroristas da ALN assaltaram a firma F. Monteiro S/A. Após o assalto, fecharam a loja, fizeram um discurso subversivo e assassinaram o gerente Walter César Galetti e feriram o subgerente Maurílio Ramalho e o despachante Rosalindo Fernandes.
102 – 12/03/72  - Manoel dos Santos – Guarda de Segurança – São PauloMorto durante assalto terrorista à fábrica de bebidas Charel Ltda.
103 – 12/03/72  - Aníbal Figueiredo de Albuquerque – Coronel R1 do Exército – São PauloMorto durante assalto à fábrica de bebidas Charel Ltda., da qual era um dos proprietários
104 – 08/05/72 – Odilo Cruz Rosa – Cabo do Exército – PAMorto na região do Araguaia quando uma equipe comandada por um tenente e composta ainda, por dois sargentos e pelo Cabo Rosa foram emboscados por terroristas comandados por Oswaldo Araújo Costa, o “Oswaldão”, na região de Grota Seca, no Vale da Gameleira. Neste tiroteio foi morto o Cabo Rosa e feridos o Tenente e um Sargento.
105 – 02/06/72 – Rosendo – Sargento PM – SPMorto ao interceptar 04 terroristas que assaltaram um bar e um carro da Distribuidora de Cigarros Oeste LTDA.
106 – 29/06/72 – João Pereira – Mateiro-região do Araguaia – PA“Justiçado exemplarmente” pelo PC do B por ter servido de guia para as forças legais que combatiam os guerrilheiros. A respeito, Ângelo Arroyo declarou em seu relatório: “A morte desse bate-pau causou pânico entre os demais da zona”.
107 – 09/09/72 – Mário Domingos Panzarielo – Detetive Polícia Civil – RJMorto ao tentar prender um terrorista da ALN.
108 – 23/09/72 – Mário Abraim da Silva – Segundo Sargento do Exército – PAPertencia ao 2º Batalhão de Infantaria de Selva, com sede em Belém. Sua Companhia foi deslocada para combater a guerrilha na região do Araguaia. Morto em combate, durante um ataque guerrilheiro no lugarejo de Pavão, base do 2º Batalhão de Selva.
109 – 27/09/72 – Sílvio Nunes Alves – Bancário – RJAssassinado em assalto ao Banco Novo Mundo, na Penha, pelas organizações terroristas PCBR – ALN – VPR – Var Palmares e MR8. Autor do assassinato: José Selton Ribeiro.
110 – –/09/72 – Osmar… – Posseiro – PA“Justiçado” na região do Araguaia pelos guerrilheiros por ter permitido que uma tropa de pára-quedistas acampasse em suas terras.
111 – 01/10/72 – Luiz Honório Correia – Civil – RJMorto por terroristas no assalto à empresa de Ônibus Barão de Mauá
112 – 06/10/72 – Severino Fernandes da Silva – Civil – PEMorto por terroristas durante agitação no meio rural.
113 – 06/10/72 – José Inocêncio Barreto – Civil – PEMorto por terroristas durante agitação no meio rural.
114 – 21/02/73 – Manoel Henrique de Oliveira – Comerciante – São PauloNo dia 14 de junho de 1972, as equipes do DOI de São Paulo, como já faziam há vários dias, estavam seguindo quatro terroristas da ALN que resolveram almoçar no restaurante Varela, no bairro da Mooca. Quando eles saíram do restaurante, receberam voz de prisão. Reagindo, desencadearam tiroteio com os policiais. Ao final, três terroristas estavam mortos, e um conseguiu fugir. Erroneamente, a ALN atribuiu a morte de seus três companheiros à delação de um dos proprietários do restaurante e decidiu justiçá-lo. O comando “Aurora Maria do Nascimento Furtado”, constituído por Arnaldo Cardoso Rocha, Francisco Emanuel Penteado, Francisco Seiko Okama e Ronaldo Mouth Queiroz, foi encarregado da missão e assassinou, no dia 21 de fevereiro, o comerciante Manoel Henrique de Oliveira, que foi metralhado sem que pudesse esboçar um gesto de defesa. Seu corpo foi coberto por panfletos da ALN, impressos no Centro de Orientação Estudantil da USP por  interveniência do militante Paulo Frateschi.
115 – 22/02/73 – Pedro Américo Mota Garcia – Civil – Rio de JaneiroPor vingança, foi “justiçado” por terroristas por haver impedido um assalto contra uma agência da Caixa Econômica Federal.
116 – 25/02/73 – Octávio Gonçalves Moreira Júnior – Delegado de polícia – São PauloCom a tentativa de intimidar os integrantes dos órgãos de repressão, um “Tribunal Popular Revolucionário” decidiu “justiçar” um membro do DOI/CODI/II Exército. O escolhido foi o delegado de polícia Octávio Gonçalves Moreira Júnior.
117 – 12/03/73 – Pedro Mineiro – Capataz da Fazenda Capingo“Justiçado” por terroristas na Guerrilha do Araguaia.
118 – Francisco Valdir de Paula – Soldado do Exército-região do Araguaia – PAInstalado numa posse de terra, no município de Xambioá, fazendo parte de uma rede de informações montada na área de guerrilha, foi identificado pelos terroristas e assassinado. Seu corpo nunca foi encontrado.
119 – 10/04/74 -Geraldo José Nogueira – Soldado PM – São PauloMorto numa operação de captura de terroristas.
Veja/montedo.com

Coreias trocam fogo de artilharia em mar na fronteira entre os dois países

Norte-coreanos dispararam projéteis que caíram em águas sul-coreanas.
Sul respondeu com granadas que caíram em águas norte-coreanas.
Coreia do Sul e Estados Unidos realizam exercícios militares.  (Foto: Ahn Young-joon / AP Photo)
Coreia do Sul e Estados Unidos realizam exercícios militares. (Foto: Ahn Young-joon / AP Photo)
Da EFE
com a Coreia do Norte, após disparos dos dois países no mar da região. (Foto: Yonhap / Reuters)
A Coreia do Norte lançou nesta segunda-feira (31) projéteis que caíram em águas sul-coreanas durante um exercício militar e as Forças Armadas da Coreia do Sul responderam com disparos semelhantes, em um novo episódio de tensão entre os países.
"Alguns dos projéteis caíram em nossas águas, portanto disparamos outra vez em direção às suas", disse à Agência Efe um porta-voz de Defesa de Seul.
O Ministério de Defesa da Coreia do Sul informou que os norte-coreanos dispararam mais de 500 tiros de artilharia e que ao menos 100 projéteis caíram em águas sul-coreanas, segundo a Reuters.
O Sul revidou com mais de 300 disparos, disse Kim Min-seok, porta-voz do Ministério de Defesa sul-coreano.
Após este episódio de tensão, os moradores das ilhas sul-coreanas próximas à sempre conflituosa fronteira com o Norte foram levados para refúgios, indicou o porta-voz.
O exército da Coreia do Sul enviou aviões de combate F-15 à região diante da possibilidade de novos incidentes.
Os primeiros disparos norte-coreanos aconteceram às 12h15 (0h15 de Brasília) e imediatamente a Força Naval do Sul respondeu com o lançamento de várias dezenas de granadas howitzer K-9 que caíram em águas norte-coreanas.
O lançamento de mísseis ao sul da fronteira marítima faz parte das manobras militares que o regime de Kim Jong-un iniciou próximo à fronteira marítima do Mar Amarelo entre as duas Coreias, conhecida como Linha Limite do Norte (LLN).
Foi nessa área que aconteceu um dos incidentes mais graves entre as duas Coreias, quando a do Norte realizou em novembro de 2010 um bombardeio sobre a ilha sul-coreana de Yeonpyeong que matou dois civis e dois militares.
Isto explicaria a firme reação mostrada por Seul, que de manhã já tinha advertido que a "Coreia do Norte parece estar tentando criar uma situação de crise ao elevar a tensão na fronteira marítima", afirmou um porta-voz de Defesa após o país vizinho anunciar as manobras militares.
O exercício naval norte-coreano é considerado uma nova resposta à manobra conjunta "Foal Eagle" que Coreia do Sul e Estados Unidos realizam desde o fim de fevereiro e que vão até 18 de abril em território sul-coreano.
Por acreditar que o Foal Eagle é 'um ensaio de invasão' ao seu país, a Coreia do Norte lançou ao mar nas últimas semanas mísseis de curto e médio alcance.

Exército deve entrar na Maré no 'curtíssimo prazo', diz Beltrame

Exército deve entrar na Maré no 'curtíssimo prazo', diz Beltrame
"Policial hasteia bandeiras do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro após ocupação"
Mais de cem pessoas foram presas desde o início da operação, em 21 de março; garis impedidos de trabalhar na região agora fazem faxina e retiram montanhas de lixo

RIO - O secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou nesta manhã que a tranquilidade com que ocorreu a ocupação do conjunto de favelas do Complexo da Maré, na zona Norte do Rio, não surpreendeu. A operação durou 15 minutos e nenhum tiro foi disparado.
A incursão deve continuar nos próximos dias e, na sequência, virá a fase chamada de "estabilização". Uma reunião entre Ministério da Defesa, Polícia Civil e Polícia Militar deve estabelecer, nesta semana, quando a área será repassada às Forças Armadas.
A ideia, segundo Beltrame, é que o Exército entre na Maré no "curtíssimo prazo". "A partir da assinatura da GLO, a área fica sob total responsabilidade do exército. Alguns policiais permanecem, e o nosso trabalho de inteligência continua", afirmou Beltrame, referindo-se ao decreto presidencial de Garantia da Lei e da Ordem, que confere poder de polícia ao Exército.

Detenções
O último balanço divulgado pelas autoridades mostra que 118 pessoas foram presas desde 21 de março, quando teve o início a Operação Cerco, que preparou a ocupação. Treze delas foram detidas durante a ocupação - entre elas, Daiane Rodrigues, apontada como namorada do traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P. Ele foi detido em apartamento em Jacarepaguá, na zona oeste, na quarta-feira, 26, pela Polícia Federal.
Nesta manhã, a Polícia Militar apreendeu 452 quilos de maconha, submetralhadora, além de carregadores. A Polícia Rodoviária Federal recuperou duas motos e um Eco Sport roubados. Três pessoas foram presas. As informações foram divulgadas pela Secretaria de Estado de Segurança.
Entre 21 e 29 de março, foram apreendidos sete fuzis, duas metralhadoras, 18 granadas, 33 pistolas e10 revólveres, além de 15,4 quilos de cocaína, 37,7 quilos de maconha e 5 quilos de crack, entre outras drogas.
Além da entrada do Exército, os planos de curtíssimo prazo preveem identificação dos pontos de maior necessidade dos moradores do complexo. O secretário de Estado de Assistência Social, Pedro Fernandes, disse que as primeiras ações envolverão a confecção de identidade, carteira de trabalho e outros documentos, incentivo às crianças para irem à escola e melhorias na iluminação pública e na rede de água e esgoto. "Criamos um comitê específico para isso, e a meta é de no máximo em 15 dias dar uma resposta a essas questões básicas", afirmou Fernandes.

Faxina
Equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb) realizam uma faxina na praça em que foram hasteadas a bandeira do Brasil e do Estado do Rio de Janeiro e também nas principais vias da Vila do Pinheiro, no Complexo da Maré.
Montanhas de lixo estão sendo retiradas com auxílio de caminhões caçamba e tratores. Garis também realizam a limpeza de um valão que passa ao lado da praça. Mas o trabalho será árduo. Dentro do valão há sofás, colchões e grande quantidade de lixo e lama.
Alguns garis dizem que eram impedidos por traficantes de trabalhar em determinados pontos da favela. E que, por isso, a limpeza levará semanas. Além da Comlurb, outras empresas de serviços públicos também já estão na Maré, como a Light (concessionária de energia).
ESTADÃO/montedo.com

MS: polícia incinera cocaína apreendida com militar do Exército

Cocaína apreendida com militar do Exército é incinerada em Paranaíba
 <b>Cocaína apreendida com militar do Exército é incinerada em Paranaíba
Cocaína estava no fundo falso do carro (Imagem: Tribuna Livre)

Luma Danielle com Jornal Tribuna Livre
Uma grande operação transportou e incinerou, na tarde desta sexta-feira (28), os 32 quilos de cocaína apreendidos na última terça-feira (25) em Paranaíba.

 <b>Cocaína apreendida com militar do Exército é incinerada em Paranaíba
Droga foi incinerada pela polícia (Imagem: Tribuna Livre)
Em comboio, as polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal levaram a droga até um frigorífico, onde foi realizada a incineração. A droga foi apreendida por volta das 16h da ultima terça-feira, nas proximidades da base da PRF (Polícia Rodoviária Federal), em Paranaíba.
O entorpecente estava distribuído em tabletes de um quilo cada. Os tabletes estavam no assoalho de um Mercedez Classe A, com placas de Dourados.
O veículo era conduzido por um Militar do Exército, de 26 anos, e tinha como passageiro seu pai, um homem de 58 anos, os autores residem em Ponta Porã.
Segundo a polícia, em posse dos autores foram encontrados R$ 1.600. (R. A.)

EDIÇÃO DE NOTÍCIAS/montedo.com

Submarinos exaurem verbas da Marinha

PRIMEIRA LINHA
Corvetas brasileiras sofre pela falta de manutenção (Imagem: Navios Brfasileiros)
Sergio Barreto Motta
Fontes ligadas à Marinha do Brasil informaram à coluna que quatro corvetas em ótimo estado – incorporadas entre 1989 e 1994 – pertencentes à classe Inhaúma (Inhaúma, Jaceguai, Júlio de Noronha e Frontin), estão fora de operação já há algum tempo, devido à falta de recursos da Força Armada para fazer a sua manutenção e substituição de peças. Essas unidades foram construídas no Brasil, com projeto desenvolvido pela Diretoria de Engenharia Naval com consultoria técnica da empresa alemã Marine Technik através de contrato assinado em outubro de 1981.
Nessa época a Marinha mantinha estreito relacionamento com a Alemanha que, através da empresa Ferrostal, financiava a construção dos submarinos da classe Tupi e também abriu financiamento para as corvetas, inclusive para a compra de equipamentos e armas, mesmo que em empresas não alemãs. Nesta mesma época estava em andamento, em parceria com os alemães, o projeto do Submarino Nacional. Este relacionamento incluía o projeto do Snac I, que seria o primeiro submarino de projeto nacional e seria um modelo para o futuro Snac II, que seria com propulsão nuclear. A Marinha chegou a preparar uma equipe de cerca de 30 engenheiros para trabalhar neste projeto que mais tarde passaria se chamar SMB 10.
No entanto, por decisão política – o que é um direito do governo, uma vez que nada se faz em Defesa sem aprovação da Presidência da República – os franceses da DCNS, aliados à gigante Odebrecht, conseguiram vender um programa de 6,5 bilhões de euros para desenvolver e construir quatro submarinos convencionais e um casco de submarino nuclear (cujo desenvolvimento do reator depende ainda de outro programa, também vultoso). O resultado é que, com isso, não se tem recursos suficientes para colocar em operação os navios que deveriam estar patrulhando nossas águas. Não parece um contra-senso? É como se um cidadão tivesse um Santana enguiçado na garagem, mas fizesse um financiamento para comprar um Mercedes CLC 3000...
Há diversas explicações para este programa com os franceses, mas a que parece mais crível está em arranjo político do Governo Lula com o então Governo da França. O programa nuclear da Marinha ficou parado durante muitos anos não somente por falta de dinheiro, mas porque também existia uma corrente na Marinha que não concordava com os altos gastos que vinham sendo feitos, embora eles realmente tenham trazido tecnologia independente e própria para o Brasil. Foi relevante a influência do “comandante Othon” – Othon Pinheiro da Silva (hoje almirante reformado) e presidente da Eletronuclear desde 2005. A queixa de setores da Marinha é a de que o mega-projeto de submarinos (Prosub), que era do orçamento federal e passou ao da Marinha, suga recursos de outras áreas – pois não pode haver atraso no pagamento aos franceses. Com isso, ocorrem anomalias, como a falta de dinheiro para manutenção das corvetas. Todo ano, R$ 2 bilhões vão para o Prosub – enfraquecendo outros setores da Marinha.
Construídos no Arsenal da Marinha (AMRJ) e no antigo estaleiro Verolme, em Angra dos Reis – hoje Brasfels – as corvetas são dotadas de mísseis Exocet e canhões de 144 mm, além de armas anti-submarino e área para pouso de helicóptero orgânico. Hoje, esses navios estão ultrapassados, mas, ainda assim, foi o que o país construiu ou comprou de mais moderno desde a década de 1980, à exceção dos navio-patrulha classe Amazona (três unidades), que vieram novos da Inglaterra, e dos navios de patrulha de 500 toneladas classe Macaé (dois em serviço e cinco em construção no Estaleiro Eisa, do Rio), além de alguns navios menores para hidrografia e lanchas patrulhas. O porta-aviões São Paulo é muito antigo. Era o porta-aviões Foch da Marinha francesa e, como as corvetas, está sem uso.
Monitor Mercantil/montedo.com

Polícia investiga morte de soldado do Exército no MS

Jovem de 18 anos morreu na madrugada deste sábado (29), diz polícia.
Vítima foi atendida na unidade militar e em posto de saúde, antes de morrer.

Do G1 MS
Aquidauana, MS - A Polícia Civil do município de Anastácio, a 134 quilômetros de Campo Grande, investiga a morte de um jovem de 18 anos na madrugada deste sábado (29). Ele era soldado do Exército e estava lotado no 9° Batalhão de Engenharia de Combate, em Aquidauana.
Segundo o registro policial, por volta das 12h (de MS) desta sexta-feira (28), o jovem teve um mal súbito dentro da unidade militar. Ele foi atendido por um médico, e após ser medicado e ficar em observação foi liberado. Às 20h quando já estava em casa, em Anastácio, a vítima voltou a passar mal e foi levada ao posto de saúde da cidade pela mãe. No local o jovem foi novamente medicado e ficou em observação até o fechamento da unidade, às 22h, quando voltou para sua residência.
Segundo relato do pai à polícia, por volta das 2h deste sábado a vítima passou mal novamente. Com a demora para ser socorrido, a família com a ajuda de um vizinho o levou para o Pronto-Socorro do Hospital Regional de Aquidauana. Ainda segundo o boletim de ocorrência, o médico plantonista informou que quando o jovem deu entrada na unidade de saúde já estava morto.
O comandante do 9° Batalhão de Engenharia de Combate, coronel João Luiz, disse ao G1 que o jovem atuava no Exército há três semanas e que desde o dia 14 de março estava dispensado do esforço físico por conta de um problema na visão. Ele ainda afirmou que a vítima reclamou de dores de cabeça e teve alguns sintomas típicos de virose e que após ser medicado na unidade militar ainda ficou em observação por duas horas, mas foi liberado quando disse que já se sentia bem.
O G1 também entrou em contato com a prefeitura de Anastácio, para saber mais sobre o atendimento ao jovem no posto de saúde, mas até o fechamento da matéria não obteve o retorno.
O caso foi registrado como "morte a esclarecer" e será investigado pela Delegacia de Polícia Civil de Anastácio.
G1/montedo.com

30 de março de 2014

1964: discurso de Jango aos sargentos repercute até hoje nas Forças Armadas.

Essa matéria do jornal O Dia dá uma boa ideia do ambiente que imperava nos quartéis em 1964 e permite entender porque a cúpula das Forças Armadas, até hoje, tenta manter os praças na condição de militares de segunda categoria, diferentemente, por exemplo, da maior potência do planeta, onde o sargento é um profissional extremamente valorizado.

Rastilho de pólvora
Ida de Jango à reunião de sargentos, no Centro, e discurso contra a remessa de lucros foram a gota d’água para o golpe ser deslanchado. Testemunha diz que suboficiais pegariam em armas se o presidente pedisse
Arte: O Dia
Leandro Resende
Rio - O relógio marcava 23h do dia 30 de março de 1964 quando João Goulart cruzou, com semblante tenso, o salão do Au­tomóvel Club do Brasil, na Rua do Passeio, Centro do Rio. Chovia forte quando ele deixou o local e tomou a direção da Cinelândia. Àquela altura, provavelmente ele já sabia que o discurso feito momentos antes na reunião dos sargentos havia sido seu último como presidente do Brasil. Mas a verdadeira tempestade ainda es­tava por chegar. O DIA conversou com duas testemunhas daqueles momentos, dois sargentos simpa­tizantes de Jango, que garantem: se o presidente quisesse resistir ao golpe, os suboficiais pegariam em armas. “Não é questão de dizer se ia ou não ter sangue. A ditadura matou centenas: isso é sangue”, diz o hoje capitão reformado Amadeu Felipe Ferreira, 78 anos.
Amadeu era da ala esquerda do Exército e não concordava com a realização do encontro: defendeu a permanência dos janguistas nos quartéis pois, segundo ele, o gol­pe já estava em curso. “Quem sabe primeiro das coisas é o sargento. Bastava Jango pedir que pegaria­mos em armas”, garante. Mesmo contrariado, Amadeu saiu de Re­alengo, onde vivia com a família, e foi ao encontro, organizado pela Associação dos Sargentos e Subo­ficiais da Polícia Militar. O evento começou às 19h30. “Jango falou das reformas e agradeceu o apoio dos sargentos. Depois, saiu depres­sa. Sabia que as tropas estavam na rua para dar o golpe”, relembra.
A presença de Jango ao lado da baixa oficialidade das Forças Armadas, há exatos 50 anos, foi o último capítulo de uma relação tensa desde 1961, quando ele, do PTB, assumiu o governo após a renúncia de Jânio Quadros, do PTN. Ali, os ministros militares se ma­nifestaram contra a posse do então vice-presidente, por conta de sua ligação com a esquerda. Em setem­bro de 1963, sargentos da Marinha e Aeronáutica se insurgiram em Brasília, por conta da negativa do STF às suas candidaturas – Jango manteve-se neutro.
A historiadora da UFF e da Unirio, Ângela de Castro Gomes, coautora de ‘1964’, livro lançado neste mês, diz que a presença do presidente no encontro foi a gota “que transbordou” o copo. “O epi­sódio selou a ruptura entre Jango e os militares. Ficou comprovado que o presidente não era garan­tia da hierarquia militar”, indica. Para ela, Jango sabia que sua ida ao encontro seria interpretada como provocação, por conta do contexto. “Claro que o golpe no dia seguinte tem vinculação com a reunião. Afinal, o chefe das For­ças Armadas mostrou descompro­misso com a hierarquia.”
Se os rumos do país foram sa­cramentados naquela noite, a his­tória poderia ter sido outra caso dois destinos se cruzassem antes. No verão daquele ano, Amadeu e cinco sargentos saíram do Rio numa caminhonete, em direção a Petrópolis. O objetivo era alertar Jango, de férias na serra, sobre o golpe que estava por vir. “Não con­seguimos falar com ele. Sem di­nheiro, acabamos dormindo num trem antes de voltar”. Os sargentos estavam mobilizados para alertar os políticos sobre o “espírito na­zifascista” que tomava conta dos quartéis. Dias depois da frustração na serra, foram a JK para repetir o alerta. “Éramos 40 sargentos, de terno e gravata, em excursão a Copacabana. Dissemos ao JK que ele seria o maior prejudicado pelo golpe, já que queria ser candidato em 1965. Ele achou que era ‘coisa de sargento novo’”, lamenta.
A relação entre Jango e os “sar­gentos novos” é mais um indício do racha dentro da caserna. “Mui­tos estavam ao lado de Jango, tan­to que, consumado o golpe, vários foram presos e punidos”, argumen­ta Ângela. No discurso feito dia 30, o presidente exaltou as reformas de base, “que não podiam mais ser adiadas”, mas não esqueceu de apoiar a baixa oficialidade. “Os sargentos jamais aceitarão ordens sem contestações, porque o cami­nho que lhes está traçado é o que me foi traçado também”, disse.
Para Amadeu, se Jango tivesse confiado nos sargentos, o destino seria outro. O presidente prefe­riu seguir o caminho que, como o próprio disse, “estava traçado”. Saiu do país dias após o golpe e só voltou para ser sepultado, em 1976. Já Amadeu foi preso e caiu nos porões da ditadura. “Estreei o que viria a ser o Doi-Codi (Des­tacamento de Operações de Infor­mações do Centro de Operações de Defesa Interna), na rua Barão de Mesquita.”

Ataque aos 'privilégios’
Ao se ler o discurso de Jango na reunião dos sargentos, não é difícil imaginar a razão para que ele tenha sido considerado como a gota da’água para deslanchar o golpe. O presidente, em discurso por rádio e TV, avisou aos golpistas que confiava no povo para a defesa de seu mandato, e dizia que o momento exigia calma dos brasileiros, “para fazer face ao clima de intrigas feitas por grupos poderosos.” Jango disse ainda que o financiamento das ações dos conspiradores vinha de fora do país. “Tantos recursos para campanha tão poderosa, para mobilização tão violenta contra o governo, eu diria simplesmente, sargentos brasileiros, que tudo isto vem do dinheiro dos profissionais da remessa ilícita de lucros”, afirmou. Antes de justificar a necessidade das Reformas de Base, o presidente que seria deposto defendeu-se dos que o acusavam de ser comunista. “Elas (as reformas) são, acima de tudo, reivindicações legítimas do povo brasileiro, indispensáveis ao desenvolvimento do nosso país.”
Na parte final do discurso, pareceu antever o golpe – e antecipar que não reagiria: “nesta noite, na hora em que se estão praticando as maiores indisciplinas, não admitirei que a desordem seja promovida em nome da ordem; não admitirei que o conflito entre irmãos seja pregado.”

Em 10 km, a História política do país
Num espaço de cerca de 10 km no coração do Rio se desenrolaram alguns dos principais e mais decisivos acontecimentos da História política recente do Brasil. Entre o campus da UFRJ na Praia Vermelha e a Central do Brasil, um presidente se suicidou no Catete (Getulio Vargas, em 1954), um político se entrincheirou, aguardando as tropas golpistas em Laranjeiras (Carlos Lacerda, governador da Guanabara em 1964), e, na altura do Aeroporto Santos Dumont, o estudante Edson Luís foi morto em 1968, desencadeando a reação que culminaria na decretação do Ato Institucional número 5.
Mesmo tendo deixado de ser Distrito Federal com a transferência da capital para Brasília em 1960, o Rio continuou sendo a cidade mais agitada do país. Tanto que Jango fez a defesa mais veemente de seu governo na Central do Brasil, em 13 de março de 1964, e estava na Rua do Passeio quando as tropas golpistas começaram a marchar para tirá-lo do poder.
Da Cinelândia à Candelária caminharam 100 mil pessoas, em 1968, em protesto organizado pelo movimento estudantil contra a ditadura. Quatro anos antes, centenas de milhares de pessoas caminharam no sentido contrário, com intenção igualmente oposta: era a Marcha da Vitória, celebração pelo sucesso na deflagração do golpe e benção dos civis ao regime.

Entrevista com Daltro Dornellas, Ex-sargento do Exército que defendia a resistência ao golpe

P. Qual a situação da caserna antes do dia 30?
R. Eram 5 % de esquerda, 5 % de direita e 90% em cima do muro. Fizeram besteira em Brasília, em 1963, e isso instru­mentalizou a direita. No ano seguinte, depois do episódio dos marinheiros, um companheiro me disse algo que jamais esqueci: ‘Agora radicalizaram a p... toda!’ Estávamos fazendo trabalho de base e ganhando a guerra de convencimento, ex­plicando a Reforma Agrária, a Lei de Remessa de Lucros.

2) Onde o senhor estava no dia da reunião do Clube dos Sargentos no Automóvel Club?
R: Naquele dia fiquei rodando as unidades, de metralhadora em punho. Não fui ao encontro porque queria juntar todos e ir ao Palácio Laranjeiras, de uniforme de passeio, para declarar apoio ao Jango, às reformas e ficar de prontidão. A reunião estava rolando quando aquelas tropas golpistas vagabundas vieram. Não daria para encarar a gente.

3) O que o senhor pensa do presidente João Goulart?
R: Ele estava coagido, mas foi débil. Foi triste ver os sargen­tos chorando, quando Jango resolveu que não iria resistir. Dizem que um sargento, preso após o golpe, se suicidou batendo com a cabeça na grade da cela, pois não entendia como nós não haviamos resistido. Ele (Jango) não tinha o direito de aceitar isso (o golpe). Uma resistência seria sufi­ciente para parar o golpe.

4) Os sargentos estavam preparados para resistir?
R: Primeiro, nós não queríamos dar golpe. As Forças Arma­das já estavam aguçadas desde o Comício da Central… Mas a gente podia virar aquele jogo. Os meus superiores diziam: o presidente não quer que faça, não quer derramamento de sangue. Pedimos apoio a um comandante, mas ele não veio. Sem comando, não tínhamos nada.

Fundador do Partido Militar Brasileiro defende voto direto
No período pré-golpe, uma das causas de insatisfação dos militares de baixa patente era o fato de não poderem votar ou serem votados. Atualmente, a Constituição garante os direitos políticos aos militares, mas impede a filiação partidária dos que estão em serviço.
Para o capitão Augusto Rosa, os militares “salvaram o Brasil de uma ditadura comunista”, e Jango quebrou a hierarquia quando encontrou os sargentos. “Hierarquia é a estrutura base do militarismo. Sem ela, só há o caos”, indica. Fundador do nanico Partido Militar Brasileiro, ainda em busca da legalização, ele critica a ação da Comissão da Verdade (“os crimes contra os militares não precisam ser apurados?”), discorda do termo ‘ditadura’ e prefere não falar sobre a repressão feita pelo Estado (“não compete a mim falar sobre isso). “Mas não queremos voltar a esse período, que foi de exceção. O PMB defende o voto direto”, garante.
Rosa também é a favor da redução da maioridade penal para 16 anos e transformação do crime de corrupção em hediondo. E, claro, contra a legalização da maconha, do aborto e o direito de voto de pessoas que recebam o Bolsa Família. “PT, PSDB, PMDB, são todos partidos de esquerda e se preocupam com marginais. Nós somos de direita e nosso alvo é o cidadão de bem”, resume.
O DIA/montedo.com

Marinha apoia ocupação da favela da Maré pela polícia do Rio

Fuzileiros Navais na Maré (Imagem: Fábio Gonçalves - Estadão Conteúdo)
Imagem do início da ocupação (Reprodução TV Globo)
Blindados da Marinha dão apoio à ocupação (Reprodução TV Globo)
Do G1

Aeronáutica investiga "pouso de barriga" de avião em Brasília

ASSISTA O VÍDEO
COM 49 PESSOAS A BORDO, A AERONAVE NÃO CONSEGUIU BAIXAR O TREM DE POUSO DIANTEIRO

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Aeronáutica, investiga as causas do pouso de emergência da aeronave da empresa Avianca no Aeroporto Internacional Juscelino Kubistchek, em Brasília (DF). A informação é da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Na tarde de sexta-feira (28), às 17h42, o avião, com 49 pessoas a bordo, não conseguiu baixar o trem de pouso dianteiro e pousou de barriga, “de forma segura”, segundo nota da empresa. A aeronave Fokker MK 28, fazia a rota Petrolina (PE)-Brasília. Após o pouso, caminhões jogaram espuma sobre o avião para reduzir o risco de explosão.
Segundo a companhia, todos os 44 passageiros a bordo foram assistidos, sendo que 20 deles seguiram viagem em voos da própria empresa, 14 seguiram para suas residências em Brasília e nove adultos e uma criança foram acomodados em hotel. A Anac informou que está acompanhando a assistência aos passageiros.
Segundo a Inframérica, concessionária que administra o Aeroporto de Brasília, as pistas do aeroporto operam normalmente. Na sexta-feira, a pista onde o avião pousou foi liberada por volta das 21h e os voos programadas foram direcionados para a segunda pista do aeroporto, o que provocou atraso em 15 voos.
A Anac informa que caso o passageiro se sinta prejudicado ou tenha seus direitos desrespeitados, ele deve procurar a empresa aérea contratada para reivindicar seus direitos como consumidor, inclusive aquele de companhias aéreas que tiveram suas operações impactadas pela interdição de uma das pistas.
Assista vídeo, gravado por técnicos de segurança, que mostra o momento exato em que a aeronave pousa de barriga:

DIÁRIO do PODER/montedo.com (edição)

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