20 de outubro de 2014

EUA destruíram U$ 1,5 bilhões em equipamentos militares ao saírem do Afeganistão

Soldados e armamento americanos no Afeganistão
EUA destruíram seus equipamentos ao saírem do Afeganistão

No Afeganistão, na véspera da retirada das tropas da coligação, tornou-se conhecido um novo escândalo com as forças de retaguarda norte-americanas. Constatou-se que foram “jogados no lixo” quase 1,5 bilhões de dólares dos impostos dos cidadãos norte-americanos.


Boris Pavlischev
Em um aeródromo de Cabul foram destruídos 16 aviões militares de transporte, adquiridos pelo Pentágono para o exército afegão, mas que nunca lhe foram entregues. Segundo os peritos, a causa dessas ações podem ter sido não só erros de gestão, mas também corrupção.
16 aviões G.222 de fabricação italiana chegaram a Cabul há alguns anos atrás. Eles quase não voaram devido à falta de peças sobressalentes e, a partir de março do ano passado, ficaram completamente parados. Segundo apurou John Sopko, principal inspetor militar dos EUA, há uns meses atrás, todos os aviões foram destruídos por escavadoras perto do aeródromo de Cabul. A sucata obtida foi vendida por uma construtora afegã a seis centavos a libra. Em outras palavras, quase todos os 468 milhões de dólares transformaram-se em lixo. “Quase” tudo, porque 4 dos 20 aviões comprados ficaram intactos e encontram-se numa base da Força Aérea na Alemanha.
O inspetor militar esteve anteriormente em Cabul, viu os aviões parados, chamou a atenção para o problema das peças sobressalentes, mas os respectivos serviços de prevenção não deram ouvidos por alguma razão.
Já tinham acontecido escândalos com os serviços de retaguarda norte-americanos em Cabul. Há uns anos atrás, foi noticiado um enorme roubo de combustível pelo pessoal norte-americano, recorda Nikita Mendkovich, perito do Centro de Estudos do Afeganistão Contemporâneo. Mas, segundo ele, semelhantes incidentes não levarão à revisão dos princípios de prestação de ajuda a Cabul:
“Trata-se de um fenômeno por si só desagradável para os EUA, mas dificilmente provocará quaisquer convulsões políticas. Este exemplo parece mostrar mais a ineficácia da gestão, mostrada por atos tão estranhos”.
Todavia, não se pode excluir que por detrás dos aparelhos voadores não tanto esteja a ineficácia quanto algum esquema de corrupção. Vladimir Evseev, diretor do Centro de Estudos Sócio-Políticos, opinia: “Quando se adquire aviões militares de transporte, isso deve ser acompanhado da criação de um sistema da sua manutenção. No mínimo, a criação de um centro de manutenção no Afeganistão, o que não foi feito. Será que estava prevista a compra de peças sobressalentes ou não? Colocam-se numerosas questões e pode-se supor que, inicialmente, não estava planejado utilizá-los em ações de combate. Não vejo a necessidade de tão grande aquisição de aviões militares de transporte para o exército afegão”.
Segundo o perito, o atual exército afegão serve mais para manter territórios do que para operações ofensivas, quando é necessário a deslocação rápida de tropas em aviões. Mais, os afegãos não estavam prontos para receber esses aparelhos. Eles não tinham nem pilotos para esse tipo de aviões, nem pessoal técnico. Os norte-americanos não podiam não saber disso.
Mas porque é que Washington forneceu os aviões sabendo que os afegãos não os podem utilizar? Além da versão da corrupção, há ainda outra: cria-se a aparência no lugar da prestação de ajuda real. Os peritos chamam a atenção para o fato de os norte-americanos, sob os mais diferentes pretextos, não darem a Cabul, por exemplo, armamentos pesados.
O fato de os afegãos não terem pilotos preparados e armamentos pesados significa que os norte-americanos não estão interessados no exército afegão com capacidade total de combate. É melhor um que dependa completamente dos Estados Unidos. Porque os EUA procuram pretexto para ficar. Se os afegãos conseguirem sozinhos acabar com os talibãs, que ficarão lá a fazer os norte-americanos? Terão de regressar a casa. Mas Washington gostaria de fixar-se no Afeganistão durante muito tempo.
Voz da Rússia/montedo.com

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