19 de abril de 2014

Dia do Exército: sem título, sem autor, extraordinário.

Recebi na área de comentários, sem título, sem autor. Talvez, por isso mesmo, extraordinário.
Parabéns a cada militar que está de serviço neste momento, puxando o seu quarto de hora, comendo a sua carne de monstro, perdendo o seu feriado na Maré, na Bahia, em outros cantos do país e aqueles que estão se preparando para amargar na Copa do Mundo. Parabéns, também, para aqueles que estão contando os centavos para comprar um ovo de páscoa de 80 g para os filhos. Estes não aparecerão em nenhuma foto de galeria e jamais sairão no NE mas traduzem perfeitamente o significado da palavra HERÓI.

Anônimo disse:
Texto escrito há dois:
“Eis o 19 de abril e não temos nada para comemorar. Talvez Guararapes tenha sido a primeira experiência da comunhão dos vícios das raças que formam esse país: a indolência do índio, a subserviência do negro e a estupidez do branco, unidos pela cobiça, pelo interesse ou pela desesperança. Eis "nosso estado que não é nação" protegido por soldados inermes, não apenas de armas, mas de idéias. Servindo sob a sombra de uma bandeira cujos verde e amarelo tremulam desbotados, o azul turva-se em chumbo, cor dos céus nebulosos que pairam sobre nós, e o branco assume um tom vermelho, cor que impregna a política deste "impávido colosso". Poucas vezes cantei tão triste a canção que diz: "nós somos da pátria a guarda, fiéis soldados por ela amados". A fidelidade à pátria não é discutível ao lembrarmos o juramento que cada um fez na inocência de recruta, aluno ou cadete. Mas com o tempo essa inocência se esvai, na velocidade em que as contas se acumulam e o consignado lhe cobra o preço da fidelidade jurada. "Por ela amados?" O tratamento à saliva ministrado pelos jovens aos velhos militares da reserva no último dia 31 de março, no Rio de Janeiro, talvez ilustre o amor que pátria vem reservando aos seus fiés soldados, de ontem e de hoje. Cantei triste e marejaram-me os olhos ao entoar: "Amor febril; Pelo Brasil; No coração Nosso que passe". E sinto a língua de camões me trair, abrindo mão das possibilidades semânticas, ao comparar o amor a uma febre, desejando que o meu coração cure-se dessa doença, que esse amor simplesmente passe. E toda essa sucessão de desmandos e abandonos nos remete à possibilidade de "darmos por ela a vida" fazendo-lhe uma "oferta igual(?) de amor filial" e assim salvando-a, mas salvando-a de quem? Quem é o inimigo que ameaça o nosso "símbolo de amor eterno". Viria ele das fronteiras de além mar, ou de terras bolivarianas? Creio que o inimigo esteja deitado em berço esplêndido, a manipular da justiça a clava forte, na iminência de golpear quem adora o Brasil, não a própria morte mas à própria morte. Nesses 364 anos de Exército Brasileiro, dos quais participei pouco mais de 15, apesar de não ser incipiente na vida castrense, creio ser insipiente nas lides com os sentimentos ao não compreender o porquê de dar a vida com amor à pátria que me espezinha e ainda assim ver rebrilhar a glória. Deveria eu dar a minha vida à pátria por ser militar ou por ser brasileiro? Nossa abnegação ultrapassa as barreiras da hierarquia e da disciplina e nos mantém em silente espera, rememorando a glória no passado que não nos garantirá a paz no futuro. Neste 19 de abril verei a Bandeira ser hasteada com o peso colossal das mágoas daqueles que a honram e verei ainda, a distribuição de medalhas cujo brilho áureo foi ofuscado pela vergonha carmim que se abate sobre nós. Ouvirei a leitura de uma ordem cujas palavras ao mesmo tempo soam rebuscadas e vazias pois ferem-me os ouvidos mas calam-se em minha alma. E sentirei a paixão de recruta que me fez querer ser militar e ainda, por mais que tentem matá-la, ainda me faz figurar nas fileiras deste nobre Exército Brasileiro.”

Parabéns a cada militar que está de serviço neste momento, puxando o seu quarto de hora, comendo a sua carne de monstro, perdendo o seu feriado na Maré, na Bahia, em outros cantos do país e aqueles que estão se preparando para amargar na Copa do Mundo. Parabéns, também, para aqueles que estão contando os centavos para comprar um ovo de páscoa de 80 g para os filhos. Estes não aparecerão em nenhuma foto de galeria e jamais sairão no NE mas traduzem perfeitamente o significado da palavra HERÓI.

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