25 de novembro de 2013

Reserva Ativa: tenente do Exército e empresário criam plataforma para empregar militares reservistas

Tenente e empresário criam plataforma para empregar militares reservistas
Projeto, construído nos limites entre a iniciativa privada e as Forças Armadas, oferece banco de talentos nos moldes do idealizado pelo Exército
Vitor Sorano/iG
Fábio Paulo Ferreira, diretor comercial e face pública do Reserva Ativa, portal de recolocação de reservistas
Marcela Lima e Vitor Sorano - iG São Paulo
O tenente do Exército Cesar Galdino Filho deixará a farda em 2014 – uma atitude tomada por cerca de 50 mil integrantes das Forças Armadas que, em seus cálculos, todo ano passam para a reserva. O militar viu nesse contingente um mercado, e criou nas horas vagas o Reserva Ativa, uma espécie de bancos de talentos online para intermediar o caminho entre a caserna e as empresas.
Segundo Galdino, a dificuldade de colocação dos reservistas no mercado de trabalho – muitos deles jovens, por terem feito a carreira temporária de oito anos – os leva a acabarem subaproveitados.
“O salário de um tenente hoje é de R$ 5,5 mil. No Nordeste, houve um que [ se inscreveu no site e ] colocou como pretensão salarial R$ 1,5 mil por mês”.
O projeto foi construído nos limites entre as Forças Armadas e a iniciativa privada. O tenente ainda não transita em trajes civis durante o dia, e por isso não pode formalmente ser dono de um negócio – embora os bicos informais sejam uma realidade para a maioria dos militares da ativa, segundo a Associação Nacional dos Militares Brasileiros (ANMB), e o próprio Exército busque aproximações com o empresariado para inserir os reservistas.
A face pública do Reserva Ativa, então, está nas mãos por enquanto de Fábio Paulo Ferreira, diretor comercial da empresa e vice-diretor da distrital oeste do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), que ressalta o acesso a uma mão de obra que vai “dizer ‘sim, senhor’ no chão de fábrica”.
“Para as empresas, é um sonho de consumo ter um profissional de Exército trabalhando para elas”, afirma Ferreira. “Do tocador de bumbo ao engenheiro de rodovias, o Exército tem tudo. Mecânico, torneiro. Esse pessoal com essa disciplina está faltando.”

Monetização
O Reserva Ativa foi desenvolvido por Galdino, que investiu entre R$ 20 mil e R$ 25 mil do próprio bolso – diferentemente de tantos outros projetos online, evitou o apoio de investidores-anjo.
“Mas tenho certeza que [o investimento] vai retornar”, diz o militar. “Depois do expediente ficava nessa missão até de madrugada. Foram oito meses em desenvolvimento.”
Como o cadastro de currículos pelos candidatos e de vagas pelas empresas é gratuito, o lucro, segundo os sócios, será obtido por meio de três fontes: venda de anúncios no site, cobrança de comissão sobre convênios e de assinaturas das companhias – de R$ 300 a R$ 1,8 mil – em troca de serviços personalizados de caça-talentos.

Projeto nacional
A recolocação dos militares que vão para a reserva preocupa o Exército Brasileiro. Em 2010, a Força editou uma portaria em que previa a criação de “um banco com informações sobre as qualificações do pessoal” para ser partilhado com “grandes empresas”.
Embora o Reserva Ativa vá nesse sentido, ambos afirmam que a apresentação do projeto ao comando do Exército em São Paulo exigiu cuidados. Mas a recepção foi positiva.
"[ O fato de pertencer à ] instituição [ Ciesp ] ajudou para caramba", diz Ferreira.
A ideia, agora, é conquistar o comando em Brasília para divulgar a iniciativa para as outras regiões militares e para Aeronáutica e Marinha.
"O Reserva Ativa está em processo de análise para que a gente se torne a ferramenta oficial do Exército brasileiro para o pessoal da reserva", diz Ferreira.
Presidente da Associação Nacional dos Militares do Brasil (ANMB), Marcelo Machado, elogia a iniciativa do tenente Galdino.
“Ele vai conseguir recolocar muitos militares que forem para a reserva. [ E o militar da ativa ] não deve pensar duas vezes [ se tiver uma oportunidade de ir para a iniciativa privada ]. Ficar hoje dentro das Forças Armadas é prejuízo na certa”, diz Machado. "Conheço 2º sargento que vende pipoca no trânsito."
Procurados, o Comando do Exército em Brasília e o Comando do Exército da 2ª Região não comentaram o assunto. O Ciesp informou "em nenhum momento interfere nas ações individuais de seus diretores nem responde por parcerias firmadas fora do âmbito institucional". (R.A.)
iG Economia/montedo.com

Nota do editor
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