21 de outubro de 2013

Oito pessoas são indiciadas por desvio de armas do Exército em MG

Mais oito pessoas são indiciadas por desvio de armas do Exército
Um dos indiciados seria o interceptador do material retirado do quartel por militares que já foram desligados; 7 foram presos por porte de arma e munição

Michele Meireles
O inquérito policial militar que investiga a subtração de armamentos dentro do 4º Depósito de Suprimentos (DSup) do Exército Brasileiro, que fica no Bairro Barbosa Lage, na Zona Norte, indiciou mais oito pessoas. Outras quatro, três delas militares que trabalhavam no setor de armas do quartel, já haviam sido indiciadas no início deste ano pelo crime. Segundo o comandante do 4º Dsup, coronel Sylvio Pessoa da Silva, os últimos indiciados são civis e seriam responsáveis pela receptação dos materiais desviados.
O oficial esclareceu que as investigações realizadas pelo setor de inteligência do quartel apontaram que um deles, um homem de 28 anos, seria o interceptador do material desviado pelos militares, que já foram desligados do Exército. "Não podemos afirmar que todos os armamentos passaram por este suspeito, mas ele era o grande elo para fomentar este esquema. Era a ponte entre os militares que faziam o desvio e os civis que compravam este material", disse o comandante.
Segundo coronel Pessoa, a maioria dos civis indiciados foi presa recentemente em operações das polícias Militar e Civil com armas e munições. A Tribuna realizou um levantamento das ocorrências em que os suspeitos de participação no desvio haviam se envolvido e constatou que sete deles (ver quadro) foram presos em flagrante, entre julho do ano passado e setembro deste ano, portando armas e munições. Todos tiveram os flagrantes confirmados e foram encaminhados ao Ceresp.
Durante as manobras foram apreendidos nove revólveres e 140 munições de calibres diversos. Segundo o comandante do 4º Dsup, as armas encontradas são provenientes do desvio. "Todas as armas recolhidas em 2012 e neste ano estão sendo periciadas pela Polícia Civil, e, no caso destes flagrantes, ficou provado que saíram do quartel. Com base nas informações destas pessoas, a inteligência do Exército está mapeando as regiões onde as armas foram encontradas e "tentando montar o quebra-cabeças. Algumas destas pessoas já eram investigadas por nós, outras foram indiciadas por receptação deste material. Neste último casos, vamos buscar a origem destes armamentos, saber como eles conseguiram este material", destacou o coronel Pessoa.
Sobre as munições apreendidas, ele esclareceu que "é pouco provável que tenham sido retiradas do quartel. Também recebemos munições para destruição, mas não temos como rastreá-las, já que as mesmas não chegam com origem e geralmente já são provenientes do mercado negro." O comandante destacou ainda que, até o momento, nenhuma das armas encontradas e periciadas foi utilizada em homicídios.
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Novas diligências
O caso do desvio de armamentos é investigado desde o fim de novembro passado. O processo tramita em segredo de Justiça na 4ª Circunscrição da Justiça Militar e no Ministério Público Militar (MPM). Segundo coronel Pessoa, o Exército ainda não vai divulgar a patente dos militares envolvidos e ainda não há um número fechado de armas derramadas. Ele voltou a afirmar que, desde que o crime foi descoberto, o trabalho de destruição foi modificado, e os militares envolvidos foram desligados. "Assim que a arma chega é semidestruída, e todo o pessoal que mexia com o setor de armas foi trocado de função. Continuamos fazendo revisões processuais, e prosseguem os trabalhos de inteligência."
A Tribuna entrou em contato com a Procuradoria do MPM em Juiz de Fora, e os promotores que cuidam do caso afirmaram que só vão se pronunciar quando as investigações estiverem concluídas. A última movimentação do processo aconteceu ontem, quando o processo voltou para a unidade militar, para que novas diligências sejam feitas. (R.A)
Tribuna de Minas/montedo.com

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