31 de julho de 2013

Comissão da (in) Verdade recebe lista de militares que combateram no Araguaia

CNV recebe lista de militares que combateram Guerrilha do Araguaia

Os nomes de cerca de 300 militares que participaram das expedições de repressão à Guerrilha do Araguaia foram encaminhados nesta terça-feira à Comissão Nacional da Verdade (CNV) pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A ideia é que a CNV ouça os militares da ativa e da reserva que participaram das ações. Os nomes também foram encaminhados à Justiça Federal que, em 2003, responsabilizou o Estado brasileiro pela busca e localização dos restos mortais dos guerrilheiros mortos.
"Isto é um trabalho realizado pela Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos que, em 2001, 2002, chegou a essa relação de nomes e, na época, chegou a ser oficiado ao Ministério da Defesa, solicitando especificar onde residiriam essas pessoas. Pelo menos com relação às pessoas que estariam na ativa ou aposentadas, o Exército teria a obrigação de saber onde se encontravam", disse à Agência Brasil o procurador da República Ivan Cláudio Marx, que acompanha o processo movido, desde 1982, por parentes dos guerrilheiros mortos e desaparecidos. Marx declarou que, na época, o ofício não teve resposta, mas que agora, pela situação atual da investigação, "a gente achou interessante solicitar que o Judiciário ouvisse essas pessoas. Também estamos indicando (os nomes) à Comissão Nacional da Verdade como de possível interesse para oitiva", completou.
De acordo com presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio Rodrigues Barbosa os nomes foram apurados durante os trabalhos de investigação da comissão e traz a expectativa de os depoimentos dos militares trazerem mais informações sobre o que aconteceu e contribuir nas buscas dos restos mortais dos guerrilheiros, e que tanto a CNV como o Judiciário "poderá intimá-los a depor e que isto possa trazer novas informações que ajudem a colocar luz na luta dos parentes que até hoje não tiveram a plenitude da resposta do Estado brasileiro", disse.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político no começo da década de 1970, que surgiu para enfrentar a ditadura militar. Ela ocorreu na divisa dos Estados do Pará, Maranhão e Tocantins (à época Goiás) e foi combatida pelas Forças Armadas a partir de 1972, em quatro operações. Até hoje, dezenas de militantes que participaram da guerrilha estão desaparecidos.
Em 2009, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal, Solange Salgado, determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na região. Em 2012, o governo promoveu, por meio do Grupo de Trabalho Araguaia, diversas expedições para localizar os restos mortais dos desaparecidos durante a guerrilha. Foram exumados oito restos mortais, localizados nos Estados do Pará e Tocantins. Os despojos estão em Brasília para análise pericial.
Ao todo, 25 restos mortais foram encontrados desde a década de 1990 na região. Eles foram levados para capital federal e encaminhados à Universidade de Brasília (UnB) para exames antropométricos - nos quais são feitas diversas medidas corporais para efeito de comparação com dados anteriores à morte - e, posteriormente, análises periciais. Dois restos mortais foram identificados: os de Maria Lúcia Petit e de Bergson Gurjão. Parentes dos desaparecidos aguardam a identificação das outras ossadas. "O fato até hoje é que não houve essa descoberta plena e essa resposta a que fazem jus os parentes. Existe a perspectiva de outras expedições que podem ser corroboradas com essas informações e necessárias porque existe uma sentença judicial e como tal ela tem que ser cumprida", disse Barbosa.
Agência Brasil/montedo.com

Nota do editor:
 "A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político no começo da década de 1970, que surgiu para enfrentar a ditadura militar" e visava implantar uma ditadura comunista, sempre é bom lembrar.

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