17 de junho de 2013

Marinha do Brasil: fazendo água

Situação dos navios escolta da MB
Corveta Barroso V34

No papel, a Esquadra tem 14 navios-escolta. A realidade é:
- Corvetas Classe “Inhaúma”: Nenhuma operacional;
- Corveta “Barroso”: Navio com maior índice operacional (Operando praticamente sem restrições);
- Fragatas Classe “Greenhalgh”: Só uma está operacional e mesmo assim, com restrições;
- Fragatas Classe “Niterói”: Uma sendo canibalizada, uma inoperante e 4 operando com diferentes níveis de restrições.
Ou seja, dos 14 escoltas, somente 6 estão operacionais e destes, apenas a “Barroso” está próxima do 100%.
Querem submarino de propulsão nuclear, Navios-aeródromo, Segunda Esquadra, 30 escoltas….
Que mundo essa gente vive? Com certeza não estão no dia a dia da MB.
Leitor “Acordado”

NOTA DO PODER NAVAL: a informação é de um leitor que não quer ser identificado.
Observar a movimentação e missões dos navios nos noticiários da própria Marinha, assim como (para quem é do Rio de Janeiro) a movimentação entre o Arsenal e a Base Naval, além dos navios que estão atracados a cada uma dessas organizações e há quanto tempo, ajuda também a montar o panorama (fora as fontes às quais se tem acesso).
Porém, a informação trazida pelo leitor é resumida, e por isso mesmo, incompleta. Assim, precisa ser vista pelos leitores como retrato de parte do problema e não como o todo, sem excesso de alardes nem de indignação quanto à credibilidade.
Por exemplo, em relação às corvetas classe “Inhaúma”: uma delas está na Base Naval do Rio de Janeiro, e para isso precisa se apresentar com algum índice de operacionalidade ou então necessitar apenas de reparos mais simples, do contrário estaria no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, sofrendo manutenções mais pesadas.
Já as outras três unidades da classe, de fato não estão operacionais no sentido de poderem ir para o mar. Elas estão passando por diferentes períodos de manutenção no Arsenal, com graus também diferentes de andamento. Basta reparar há quanto tempo estão por lá. Espera-se que, logo, ao menos uma das corvetas que tem os trabalhos mais adiantados volte a operar, conforme termine sua fase de reparos, mas outras fases estão programadas, pois há uma revitalização em andamento na classe.
O problema é que tudo isso acontece num prazo muito maior do que o pretendido inicialmente, pois houve cortes muito grandes no orçamento de custeio da Marinha desde a época em que essas manutenções / revitalizações tiveram que ser iniciadas na classe, há alguns anos, fazendo com que três delas ficassem aparentemente “encostadas” há anos no AMRJ para quem vê de longe. Mas os trabalhos prosseguem nos navios, ainda que num ritmo abaixo do desejável, e procura-se manter as tripulações adestradas em cada um dos departamentos das corvetas, mesmo atracadas, para que quando chegue a hora de voltar às missões no mar isso se dê com alto grau de operacionalidade.
Enfim, esse é um exemplo de complementação da informação resumidíssima (operacional / não operacional) mostrada no texto acima. Porém, o resultado não é muito diferente quanto ao número de navios que de fato estão operacionais nesse momento.
Um dos problemas é que a frota de navios escolta da Marinha é pequena (comparada ao que já foi nas décadas passadas), com idade média avançada. Quando se pensa em 50% de operacionalidade, a questão da idade frente à disponibilidade orçamentária se potencializa.
Lembrando também que 50% de operacionalidade numa esquadra não é um índice ruim em si para tempos de paz, pois parte da frota deve sempre estar em manutenção. Seis navios, em 14, é um pouco abaixo desses 50%. A Alemanha, por exemplo, trabalha com um índice parecido, só que os navios em operação precisam estar 100% ou próximo disso.
A questão é se os seis (ou pouco mais) operacionais da força de 14 navios escolta da Marinha estão podendo se manter em boas condições operacionais (alguns de fato estão com bons índices, pois é necessário para as missões internacionais de que estão participando) e quanto tempo levará para que os oito (ou pouco menos) sofrendo diferentes períodos de manutenção voltem às operações plenas, permitindo que os que operam hoje passem por suas manutenções.
Por isso é fundamental que a Marinha tenha seu orçamento de custeio tratado dignamente pelo Governo, porque com cortes anuais (embora o tamanho dos cortes tenha diminuído um pouco de dois anos para cá) e liberação do dinheiro só no fim do ano, quando o estrago já foi feito, não dá pra manter a previsibilidade necessária para o bom planejamento e andamento dos trabalhos de manutenção. Matérias como esta servem para alertar quanto a essa necessidade, para conscientizar o público leitor, levando à reflexão. São para o bem da Marinha.
PODER NAVAL/montedo.com

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