12 de janeiro de 2013

Entre a suástica e a palmatória: o nazismo no Brasil

Simpatia pelo mal
RHBN lança reportagem em vídeo: “Entre a suástica e a palmatória” conta história de fazenda que, nos anos 1930 e 1940, sujeitou 50 meninos órfãos a situação análoga à escravidão

Alice Melo
Responsável por alguns dos mais nefastos episódios do século XX, o nazismo disseminou sua influência para além do continente europeu. O Brasil, infelizmente, não ficou de fora de seu alcance. A reportagem especial “Entre a suástica e a palmatória”, publicada em janeiro de 2013 na Revista de História da Biblioteca Nacional, e que virou também vídeo homônimo disponível no nosso canal do Youtube [veja abaixo], é um exemplo de como o pensamento político autoritário se manifestou no país.
Nos anos 1930 e 1940, uma fazenda do interior paulista adotou abertamente símbolos nazistas para marcar gados, documentos e até os próprios tijolos. Por sua vez, a propriedade vizinha, da mesma família, colocou em prática teorias racistas e eugênicas: recrutou 50 crianças órfãs, a maioria negras, para trabalhar em suas terras. A história ficou esquecida durante décadas. Em 1990, um fazendeiro descobriu uma dessas peças com a cruz suásticas e a história começou a ser revelada. Posteriormente o pesquisador Sidney Aguilar Filho, em tese de doutorado defendida em 2011 na Unicamp, a estudou mais profundamente.

A reportagem da Revista de História viajou a Campina do Monte Alegre, no estado de São Paulo, e a Foz do Iguaçu, no Paraná, para entrevistar as últimas testemunhas vivas e conhecidas desta história. Aloísio Silva, chamado durante a adolescência de Vinte e Três, trabalhou no local e aguentou a situação de exploração até a sua “liberação”, como ele próprio diz, em 1945. E Argemiro Santos, que fugiu da fazenda quando tinha apenas 14 anos, enfrentando uma vida difícil nas ruas de São Paulo até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, momento em que decidiu ingressar na Marinha para servir o país.
Apesar de lidarem com o passado de forma diferente, seu Aloísio e seu Argemiro são fontes dos fatos. Seus depoimentos se complementam e a vida posterior ao episódio reforçam ainda mais a ideia já levantada na abertura do dossiê desta edição da Revista de História: “Em vez de pensar que ‘o trabalho liberta’, como os nazistas estampavam em seus campos de concentração, é melhor afirmar que a memória salva”.

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