22 de junho de 2012

'Quero saber quem foi responsável', diz pai de militar morto em explosão

Exército teria dito que jovem fez uma fogueira para esquentar comida.
Desejo do rapaz era ser enterrado com a farda do Exército.

Renata Soares
Pai do militar fala durante velório - (Foto: Renata Soares/G1)
"Quero saber quem foi o responsável. Meu filho era estudioso, empenhado, chegou a ficar em 125º lugar na prova do Exército de todo o Brasil. Ficou um ano no Amazonas estudando para conseguir essa pontuação. Aí ele volta para o Rio, pra morrer aqui?", desabafou Célio Alves Eugênio, pai de Vinícius Figueiras Benedicto, 22 anos, morto em uma explosão na noite de quarta-feira (20).
Segundo Célio, ele foi avisado sobre a morte do filho por volta das 2h de quinta. "Me ligaram e disseram que o treinamento já tinha terminado e que meu filho tida ido com mais alguns amigos do quartel fazer uma fogueira para esquentar a comida e do nada houve uma grande explosão. Eu só posso deduzir que, se isso é verdade, talvez tivesse uma granada enterrada no chão onde ele foi fazer a fogueira e que acabou explodindo. Tenho que esperar o resultado da perícia, porque infelizmente o que parece é que foi um acidente de trabalho", contou.
Célio ainda relatou que era desejo do filho, se lhe acontecesse algo, que fosse enterrado com o uniforme do Exército: "É estranho, mas ele amava muito o que fazia, e assim foi feito, a vontade do meu filho prevaleceu. Era o desejo dele", disse.
O pai ainda acrescentou que o laudo do Instituto Médico Legal (IML), ao qual ele teve acesso na manhã desta quinta (21), apontava que o jovem teve o tórax arrebentado e atingiu a membrana do coração.
O corpo de Vinícius começou a ser velado por volta das 17h30 no Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio de Janeirox. O velório é realizado na Capela 4 e o enterro está marcado para as 11h desta sexta-feita (22).

Parentes queriam enterro em outro cemitério
Segundo Roberto Pace, casado com Josilane Figueira, tia do rapaz, a família gostaria que o enterro fosse realizado no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, na Baixada Fluminense. No entanto, o alto custo - R$ 18 mil, segundo Pace - não é coberto pelo seguro do Exército.

Vinícius Figueira adorava o Exército, segundo os parentes 
(Foto:Arquivo Pessoal/Reprodução)
As duas tias de Vinícius, Roselaine e Eliane Figueira, contaram que estão insatisfeitas com o lugar onde o sobrinho vai ser enterrado.
"Queríamos um jazigo pra ele no Cemitério Jardim da Saudade, mas o Exército disse que só cobre até R$ 3.500 e lá é mais caro. Isso é um descaso, meu sobrinho era um ser humano maravilhoso, não fazia mal para ninguém", reclamou Rosilaine.
Também muito abalada e nervosa, Elaine acredita que não tenha ocorrido um simples acidente de trabalho. "Quem estava lá com ele na hora do acidente, quem era o sargento responsável? Temos várias perguntas e nenhuma resposta", disse.

Área era usada para instrução
A área em Deodoro, na Zona Oeste do Rio, onde o artefato explodiu, era usada até o ano passado pelo Centro de Instrução de Operações Especiais do Exército. No entanto, segundo o comandante Abílio Sizinho de Lima Filho, diretor da Escola de Sargentos de Logística (EsSLog), onde o jovem morto e outros 10 feridos estudavam, o local passava por varreduras após cada treinamento.
De acordo com o militar, cerca de 240 jovens participavam de treinamento iniciado na segunda-feira (18) no Campo de Instrução de Camboatá e estavam divididos em grupos. Uma dessas equipes, com 12 alunos e um instrutor – o único que não se feriu –, se preparava para dormir quando houve a explosão. Eles acenderam uma fogueira para cozinhar os alimentos, segundo Sizinho, mas não há qualquer indício de que esta seja a causa do acidente.
"O exercício era de sobrevivência e nenhum dos alunos manuseava qualquer tipo de explosivo. A perícia está sendo feita e só o Inquérito Policial Militar vai poder dizer o que causou a explosão”, explicou.
Pela manhã, a família de Vinicius disse que o jovem sofria de depressão e reclamava muito da alta carga de exercícios, como mostrou o RJTV. À tarde, o comandante rebateu: ”Acompanhamos ele desde o início do ano e o aluno não apresentou nenhum quadro de depressão”.
Dos 10 feridos, três estão em estao mais grave, mas sem risco de morrer.

G1 RJ/montedo.com

Arquivo do blog

Compartilhar no WhatsApp
Real Time Web Analytics