19 de abril de 2012

Lá vai o 'Severino': prefeitura de Altamira quer instalar um hospital de campanha após caos na saúde com a construção de Belo Monte

Belo Monte faz Altamira pedir ajuda a militares contra caos na saúde
“Belo Monte foi estudada por 40 anos, mas ninguém nunca perguntou ao município o que estava certo ou errado” (Antônio Carlos Bortoli, Secretário de Planejamento de Altamira)

André Borges
A prefeitura de Altamira, no Pará, pediu às Forças Armadas que instalem um hospital de campanha no município por conta do caos que a cidade vive no atendimento de saúde à população.
Segundo Antônio Carlos Bortoli, secretário de planejamento de Altamira, a explosão na demanda é reflexo direto da construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu.
“Há vários gargalos que devem ser superados na região, mas nada se compara à situação da saúde. A condição atual está levando a cidade a uma condição caótica parecida com aquela vivida em Jirau e Santo Antônio [usinas em construção em Porto Velho”], disse nesta quarta-feira, durante audiência no Senado.
A audiência sobre a execução de obras condicionantes da hidrelétrica foi solicitada por uma Subcomissão Temporária, cujo relator é o senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
O consórcio Norte Energia, responsável pela obra, se comprometeu em reformar o hospital municipal São Rafael e em construir outro no município. “Acontece que para reformar um hospital teria de tirar todo mundo de lá. E para construir outro são necessários dois anos. Não podemos esperar mais”, disse Bortoli.
Na semana passada, a Justiça Federal concedeu liminar ao Ministério Público Federal (MPF) e ao Ministério Público do Pará (MP-PA) determinando à prefeitura de Altamira que tome 18 medidas para resolver os problemas que transformam em caos o atendimento no hospital São Rafael. Algumas medidas são urgentes, outras têm prazos que variam entre 30 dias e seis meses. A decisão da juíza Luciana Said Daibes Pereira é do dia 24 de fevereiro.
Até 2010, Altamira tinha 100 mil habitantes. Hoje já são 148 mil pessoas. “Belo Monte foi estudada por 40 anos, mas ninguém nunca perguntou ao município o que estava certo ou errado”, disse Bortoli.
De acordo com Johaness Eck, coordenador do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS), foram investidos cerca de R$ 10 milhões em ações de saúde desde o ano passado na região atingida pela obra. Eck também disse que foi constituída uma “câmara técnica” para acompanhar o cumprimento de projetos condicionantes de Belo Monte.
Thomaz Miazaki de Toledo, coordenador-geral de infraestrutura de energia elétrica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), afirmou que uma vistoria realizada no mês passado na cidade apontou que algumas unidades de saúde estão prontas para serem entregues ao município.
Valor Econômico/montedo.com

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